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Por que temos tão poucos pelos?

Sábio Oráculo, estou aqui coçando a cabeça com uma dúvida: por que nós humanos normalmente não temos o corpo coberto de pelos? Antonio Ramos, São Paulo, SP Taí uma pergunta cabeluda. Afinal, quase todos os mamíferos são cobertos de pelos. Do couro aveludado da vaca ao casaco grosso do urso, dos cabelos espetados do rato […]

Por Oráculo
Atualizado em 21 dez 2016, 09h08 - Publicado em 14 set 2016, 18h42

Sábio Oráculo, estou aqui coçando a cabeça com uma dúvida: por que nós humanos normalmente não temos o corpo coberto de pelos?
Antonio Ramos, São Paulo, SP

Reprodução
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Taí uma pergunta cabeluda. Afinal, quase todos os mamíferos são cobertos de pelos. Do couro aveludado da vaca ao casaco grosso do urso, dos cabelos espetados do rato aos dreadlocks despenteados do chimpanzé: ter o corpo coberto de fios é quase que o uniforme oficial dessa nossa classe de vertebrados, mais ou menos como aves raramente abrem mão de trajar penas e peixes adoram vestir escamas. Por que diabos então nós humanos somos exceção? (Junto com alguns gatos e roedores esquisitos, e gordões tipo baleias, golfinhos e hipopótamos, que não precisam de agasalho para se aquecer.)

A questão tem intrigado cientistas há muito tempo. O próprio Charles Darwin, por trás de sua magnífica barba, foi um que se aventurou a procurar uma resposta. “Ninguém supõe que a pele pelada seja uma vantagem para o homem”, escreveu, no livro A Descendência do Homem, antes de concluir que a característica só pode ser explicada pelos nossos gostos sexuais (segundo Darwin, humanos acham pelos feios, por isso a seleção sexual tende a privilegiar gente pelada).

Darwin acertou muito, mas pode ter dado uma bola fora nessa. O corpo pelado provavelmente foi sim uma vantagem evolutiva dos humanos, que ajudou-o a sobreviver, e só por isso se disseminou tanto. Quem começou a desvendar essa história foi o cientista Peter Wheeler, que em 1990 demonstrou matematicamente que a falta de pelos ajuda os humanos a perder calor e não torrar no Sol. A teoria é que, quando nossos ancestrais decidiram descer das árvores e passar a vida correndo atrás de caça em savanas expostas ao Sol, a partir de 3 milhões de anos atrás, passou a ser vantagem abrir mão do casaco natural. Bichos que vivem trepados em árvore passam o dia na sombra – e normalmente cochilam ao meio-dia. Já nossos ancestrais conseguiam muitos dos alimentos que os mantinham vivos caçando com o sol a pino, quando as presas ficam prostradas e não conseguem fugir. Wheeler mostrou que, se tivéssemos o corpo peludo dos chimpanzés ou dos orangotangos, nosso corpo superaqueceria e nosso cérebro não funcionaria bem nessas caçadas.

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A evolução, que é sábia, foi trocando folículos pilosos (a estrutura da pele que faz o pelo crescer) por glândulas sudoríparas (que produzem suor). Realmente, nenhum outro mamífero tem tantas dessas glândulas – 5 milhões delas, o suficiente para produzir incríveis 12 litros de suor por dia. Ou seja: nossa espécie substituiu um sistema de aquecimento por um de resfriamento.

Algumas teorias mais recentes supõem que esse processo se deu mais ou menos na mesma época em que nossos ancestrais começaram a cozinhar comida e a comer mais carne de caça. O cozimento do alimento e o acesso a comidas mais protéicas significa que a espécie passou a ter acesso a uma quantidade bem maior de energia. Essa energia, assim como o domínio do fogo e das fibras naturais, talvez expliquem por que nossos ancestrais pelados não morreram de frio nas noites de inverno. Animais que consomem menos calorias não aguentariam passar a noite sem seu casaco natural.

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