7 verdades sobre o câncer (que gostaríamos que fossem mentiras)
Por que devemos nos preocupar com as mais de 100 variações dessa doença
A epidemia assustadora dos nossos tempos de vida longa e farta (inclusive de maus hábitos como fumar, beber demais e não se exercitar) é o câncer e suas mais de 100 variações identificadas. É um assunto que deve interessar a todos, porque ter câncer não é uma loteria, mas uma probabilidade estatística. Preparamos uma lista com 7 aspectos atuais sobre essa doença.
1. É azar
Dois terços dos casos de câncer acontecem por azar. É isso que diz um estudo publicado na revista Science, no começo de 2015, por cientistas da norte-americana Johns Hopkins University. E esse azar não tem relação com fatores externos, como cigarro e radiação solar, por exemplo.
2. Há cânceres impressos no nosso DNA
Ainda bem que eles correspondem a apenas 10% dos casos. São os casos chamados de síndrome hereditária de câncer de mama e ovário. Segundo o National Cancer Institute, as estimativas apontam que de 55% a 65% de mulheres que herdam mutações no gene BRCA1 terão câncer de mama, e 39% desenvolverão câncer de ovário. Para as que herdam falhas no BRCA2, a chance é de 45% para a neoplasia mamária e de 11% a 17% em relação aos tumores ovarianos.
3. É uma epidemia global
Os cientistas dizem isso porque vivemos cada vez mais. E, se vivemos mais, essas divisões vão acontecer mais e mais vezes. Estamos aos poucos vencendo doenças que nos matavam antes de um tumor maligno se instalar, como as cardíacas, que, essas sim, dependem quase que integralmente do estilo de vida saudável. Há casos de cânceres, como o de próstata, que atingem perto de 100% dos homens com mais de 90 anos — e demora tanto a crescer que às vezes nem é tratado.
4. Serão 600 mil novos casos
De acordo com o INCA, no mundo todo, serão registrados 22 milhões novos casos de câncer até 2030. O último relatório da Agência Internacional para a Pesquisa do Câncer indica que o câncer de pulmão foi o campeão no número de casos, com 1,8 milhão de registros (13% do total) no mundo — fortemente evitável se não houver o consumo de cigarro. Em seguida tem o câncer de mama, com 1,7 milhão de casos (11,9%) — com grandes chances de cura se o diagnóstico for precoce — e o tumor de intestino grosso, que atingiu 1,4 milhão de pessoas (9,7%).
5. O câncer de pulmão é o que mais mata
Além de ser o campeão de novos casos, o câncer de pulmão também é o responsável pelo maior número de mortes. Em 2012, a doença matou 1,6 milhão de pacientes ao redor do mundo. Em seguida, aparecem os tumores de fígado e de estômago, com 800 mil e 700 mil mortes.
6. O tratamento é muito caro
No caso de um paciente com câncer de pele, o gasto mensal com o mais novo tratamento pode chegar a 6 dígitos e superar os R$ 300 mil — e, se ele der sorte, essa conta será paga por muitos meses: é que a boa notícia é que a sobrevida dos pacientes com câncer é cada vez maior. A má é que os custos para desenvolver novos medicamentos contra o câncer são altíssimos. E a cada nova droga, os benefícios crescem, mas bem pouco. No Brasil, de 2008 para 2011, os gastos cresceram 51%, e ultrapassaram os R$ 2,2 bilhões; em 2013, o valor subiu para R$ 2,6 bilhões. Hoje, há estimativas de que, para desenvolver um único medicamento contra o câncer, sejam gastos em torno de US$ 1 bilhão.
7. Talvez nunca haja cura
Os cientistas são unânimes (ou quase) em afirmar que dificilmente teremos uma fórmula para destruí-lo — afinal, são 100 tipos de cânceres conhecidos. A boa notícia é que aprendemos a olhar para dentro para tentar descobrir a melhor maneira de lidar com ele.
Para saber mais
Tarja Preta
Marcia Kedouk, Superinteressante, 2016