A beleza é mais embaixo
Alguns dos maiores recifes de corais do mundo estão onde ninguém pode ver: no fundo do mar
Marcelo Kitahara
Pescadores e cientistas estão descobrindo, quase ao mesmo tempo, um dos fatos mais impressionantes dos oceanos: a milhares de metros de profundidade, onde só há frio e escuridão, existem numerosos corais cheios de vida. Até bem pouco tempo atrás, isso seria considerado impossível: os corais da superfície dependem da luz solar para que microalgas façam fotossíntese e forneçam nutrientes. Na escuridão, eles simplesmente não teriam de onde tirar energia. Mas foi só pesquisar as profundezas que os cientistas encontraram vários corais que se aproveitam de nutrientes que as correntes de fundo trazem de outros lugares, em especial de zonas próximas aos pólos. Além disso, as espécies desenvolveram adaptações, como um metabolismo mais lento, para enfrentar temperaturas próximas de 0 oC. Mas o que mais impressiona é o número enorme de espécies – e até gêneros – que vivem por lá e que eram desconhecidos da ciência. Assim como nos corais tropicais, as profundezas também servem de lugar de alimentação, reprodução e refúgio a inúmeras outras espécies. A diferença é que, no fundo, os corais são maiores – podem chegar a mais de 10 metros de altura – e vivem mais tempo.