Janaína Leite
O brasil ganhou um novo produto de exportação: insetos. Até o final de 2006, uma biofábrica em Juazeiro, na Bahia, produzirá quase 1 bilhão desses bichos por mês. Os insetos agem como um exército contra pragas. Parte dele – a força aérea, digamos – são vespinhas (Diachasmimorpha longicaudata) criadas para combater as larvas de sete tipos de mosca-de-fruta que esburacam os pomares e causam no país um prejuízo anual de 250 milhões de reais. As vespinhas botam ovos na larva da mosca-de-fruta e geram filhotes que, ao nascer, alimentam-se da hospedeira. “O controle biológico é nossa melhor opção porque os consumidores aceitam cada vez menos inseticidas”, diz Aldo Malavasi, biólogo da USP e presidente da biofábrica. Mas a força aérea só é eficiente quando a praga está no começo. Para casos mais graves, a biofábrica tem outra arma: machos estéreis – ou espiões sabotadores. Eles fecundam as fêmeas, que deixam de copular com outros machos e passam a colocar ovos que não geram nada. A desvantagem desses espiões é que eles só agem contra a própria espécie. Em compensação, enfrentam pragas de qualquer tamanho.
A tecnologia por trás dessa guerra é de primeira. Para produzir os espiões, os ovos da mosca-de-fruta são recolhidos em bandejas e superalimentados. Um aquecimento a 40ºC mata todas as fêmeas, menos resistentes ao calor. Na fase seguinte, da pupa, a irradiação por cobalto esteriliza os futuros machos. Em dez dias, eles evoluem para larvas. Parte é usada dentro da própria biofábrica, como alimento para as vespinhas em produção. Mas a maior parte vira machos adultos estéreis. Eles recebem então uma rica dieta de proteínas, açúcares e óleo de gengibre, um afrodisíaco de mosca. “Queremos garanhões que possam competir com vantagem contra os machos selvagens”, diz Malavasi. Eles são então marcados com um pó corante e liberados nas plantações – cerca de 1100 por hectare. Vamos torcer por eles.