Em setembro, duas equipes de bioquímicos americanos, lideradas por Thomas Cech, da Universidade do Colorado, e Robert Weinberg, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, conseguiram copiar num tubo de ensaio um gene sensacional. Ele contém a receita para montar uma molécula, chamada telomerase, que prolonga a existência de células sadias. Por algum motivo desconhecido, depois que se reproduz umas cem vezes, a telomerase pára de ser fabricada e a célula morre. Agora, quando dotada de um gene artificial, ocorre a ressurreição. “Isso não significa que o gene recém-copiado possa prolongar indefinidamente a existência humana”, explicou à SUPER Robert Weinberg, um dos maiores bioquímicos da atualidade. Segundo ele, o papel da telomerase é reparar defeitos que ocorrem no núcleo quando acontece a divisão celular. Já o conjunto do organismo humano rege-se por outras leis e a sua morte não decorre da reprodução e sim de outras causas. “Em compensação, o gene pode nos ajudar a combater o câncer”, acrescenta Weinberg. É que, nessa doença, os tumores se dividem e crescem sem cessar dentro dos órgãos, levando-os à destruição. Ou seja, aí o problema é justamente o oposto: a telomerase não pára de ser feita. “Talvez agora possamos usar o gene como modelo para criar uma substância que anule a ação da telomerase”, imagina o cientista.