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A química sexual do chocolate

Ele já foi o viagra dos Astecas, um dos primeiros cultivadores de cacau. Mas existe mesmo uma relação entre o doce número um do inverno e a sua libido?

Por Alexandre Carvalho dos Santos
Atualizado em 3 ago 2020, 16h03 - Publicado em 29 abr 2016, 21h30
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  • Voltando aos últimos dias do Império Asteca,  no século 16, vemos que a associação do chocolate com o desejo sexual começou bem antes que o primeiro motel fosse erguido. Principal cronista do período, o espanhol Bernal Diaz del Castillo afirma, em sua História Verdadeira da Conquista da Nova Espanha: “O que vi hoje e com o que estive lutando, como boa testemunha ocular o descreverei, com a ajuda de Deus, muito sinceramente, sem torcer nem para uma parte nem outra…” Era como se dissesse: podem confiar em mim, que não conto lorota. Mas um de seus relatos mexeria com a fantasia dos espanhóis.

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    Segundo Castillo, o imperador Montezuma, antes de encarar seu harém de 200 esposas, bebia 50 cálices seguidos do intrigante líquido de cacau com especiarias – o chocolate teria sido um tipo de viagra asteca. Oviedo y Valdés, outro historiador daquela época, confirma a associação entre o fruto do cacaueiro e o sexo para o povo pré-colombiano. “É hábito entre os indígenas da América Central esfregarem-se uns aos outros com polpa de cacau e depois se mordiscarem.”

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    Começava ali, nos relatos daquela civilização fascinante, a associação do chocolate ao sexo, que passou pela nobreza francesa da época dos reis Luíses e perdura até hoje, como provam calcinhas e pênis comestíveis dos sex shops e as altas de faturamento nas lojas de chocolate perto do Dia dos Namorados.

    Mas qual é a resposta da ciência para esse suposto efeito afrodisíaco? O chocolate dá mesmo no couro?

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    A sensação de estar apaixonado – quando perdemos o apetite, o sono e não conseguimos nos concentrar em mais nada – tem a ver com um conjunto de compostos químicos que afetam o nosso cérebro: a norepinefrina, que nos excita (e dá aquela acelerada nos batimentos cardíacos), a serotonina e a dopamina (que entram com a sensação de bem-estar, aquela felicidade diante da alma gêmea). E a ação desses neurotransmissores é controlada por um outro: a feniletilamina. Ela tem um efeito tão poderoso sobre o cérebro que algumas pessoas se tornam dependentes, e tendem a saltar de romance em romance, sem muito critério, abandonando os parceiros assim que murcha o coquetel da paixão. E adivinha qual é outro gatilho para esse dos neurotransmissores? O simples ato de comer chocolate.

    Parece que tudo se encaixa, então. E que Montezuma estava certo ao investir no cacau para manter a empolgação ao longo de 200 bimbadas. Mas aí vem outra explicação estraga-prazer. “A feniletilamina é rapidamente degradada no sangue, de modo que, pela ingestão do chocolate, não haveria possibilidade de atingir uma concentração elevada no cérebro”, explica Ribeiro.

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    A nutricionista Vanderli Marchiori vai na mesma opinião. “O chocolate tem zinco, um mineral que atua nos hormônios sexuais, mas não é numa quantidade representativa. Se você estiver num jantar romântico, com chocolate, morango e champanhe, à luz de velas, a coisa muda de figura. Então o contexto é que aumenta o desejo. A reação é mais cultural que científica.”

    Tá certo, mas sejamos menos racionais nessa hora: quando se trata de paixão e desejo, tanta ciência pode arruinar o clima. Chocolates finos no Dia dos Namorados – ou, melhor, numa data sem qualquer motivo aparente, de surpresa mesmo – continuam revirando olhinhos mundo afora. O velho clichê continua ativo

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