Abuso de antibióticos pode deixar cirurgias mais perigosas
Um relatório do Reino Unido diz que 3 milhões de cirurgias no país correm risco de infecção. Uso do remédio pode criar bactérias mais resistentes no futuro
Um relatório divulgado nesta terça (23) pela Public Health England (PHE), agência ligada ao departamento de saúde do Reino Unido, trouxe um alerta para o uso excessivo de antibióticos no país.
De acordo com o estudo, no futuro, as chances de contrair infecções em boa parte dos procedimentos cirúrgicos do país vão aumentar, já que os antibióticos, a longo prazo, geram bactérias resistentes a esses medicamentos.
A situação é complicada, uma vez que 1 de cada 3 pacientes que são submetidos a cirurgias por lá recebem o tratamento com antibiótico. Se levarmos em conta que, por ano, 9 milhões de operações são feitas no Reino Unido, 3 milhões de pessoas correriam maiores riscos de contrair infecções hospitalares após passarem por procedimentos comuns, como as cesáreas.
Segundo o jornal The Guardian, houve um aumento de 35% nos casos fatais de infecções entre 2013 e 2017.
Alerta para o futuro
Apesar de trazer dados do Reino Unido, o aumento no uso de antibióticos é uma tendência global: desde o começo do século 21, as vendas de remédios do tipo aumentaram 65%.
A medida preventiva é eficaz a curto prazo. Nos últimos anos, por exemplo, países mais pobres tiveram acesso a antibióticos para tratar de doenças originárias de problemas como saneamento básico. A longo prazo, porém, pode facilitar a criação de superbactérias que, com o tempo, tornam-se resistentes ao remédio.
No Brasil, bactérias que não respondem a antibióticos já correspondem por cerca de 23 mil mortes por ano. Em maio, foi anunciado que um novo remédio, voltado para eliminar as tais superbactérias, começará a ser vendido por aqui.
O relatório aponta como um dos agravantes do problema a utilização do antibiótico para tratar problemas simples, como tosses e dores de ouvido e de garanta, sem antes saber se a origem desses problemas necessita tal tipo de tratamento. Em função disso, o PHE irá iniciar uma nova campanha no país, que visará conscientizar as pessoas a procurarem instruções médicas para entender quando o uso de antibióticos é realmente necessário.