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Alga pode substituir o petróleo na produção de combustível

Chega de escavar e de brigar por reservas de petróleo: essa alga cresce no mundo inteiro e sobrevive em quase qualquer clima

Por Helô D'Angelo Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 11 mar 2024, 10h10 - Publicado em 8 abr 2016, 14h45

O petróleo está se tornando cada vez mais um material ultrapassado, quando se pensa em gerar energia. Depois de usarmos milho, cana-de-açúcar, e até mamonas, para a criação de biocombustíveis, cientistas indicam que o futuro das fontes energéticas pode estar no fundo do mar. Pesquisadores das Universidades do Texas, de Arizona e de Tóquio descobriram uma microalga chamada Botryococcus braunii, que tem a capacidade de fabricar, naturalmente, a matéria-prima de combustíveis fósseis como a gasolina e o óleo diesel. Não é a primeira que se aposta em algas para a produção de combustível. Mas essa parece mais promisora, tanto que os cientistas estão chamando a descoberta de “petróleo de alga” e projetam que ela pode ser mais barata do que o etanol.

A Botryococcus braunii tem uma enzima especial que fabrica hidrocarbonetos – moléculas que formam os combustíveis – durante o processo de reprodução celular da alga. Essas moléculas só são encontradas nas profundezas da Terra, sob muita pressão, na forma de petróleo. Mas fabricar os combustíveis a partir o petróleo é muito trabalhoso: é necessário, primeiro, destilar o material para separar os hidrocarbonetos. A partir daí, essas moléculas servem como “pecinhas” para montar os diferentes combustíveis. Mas com as algas é mais fácil: não precisa de destilação, porque os hidrocarbonetos já estão separados. Tudo o que os cientistas precisam fazer é montar as peças e criar o combustível que quiserem.

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Descobrir que uma alga consegue fabricá-las sem nenhum estímulo é surpreendente – ainda mais quando se trata de uma alga tão comum: ela vive em água doce, cresce em quase todos os lagos do mundo, pode sobreviver em climas muito diferentes – do montanhoso ao desértico – e só não é encontrada na Antártica. O problema é que a alga não consegue produzir hidrocarbonetos tão rápido quanto a gente precisa: leva uma semana para que ela termine seu processo de reprodução celular, enquanto outras algas e plantas, inúteis em termos de combustível, conseguem fazer a mesma coisa em algumas horas. Para contornar a situação, os pesquisadores estão tentando encontrar o mecanismo genético que comanda a enzima produtora de hidrocarbonetos e transplantá-lo para plantas mais rápidas. A ideia é inserir o “gene do petróleo” em plantas terrestres, como o tabaco, ou em outras algas comuns para aumentar a produção em um tempo menor e com menos custos.

Se os estudos se mostrarem corretos, nova descoberta pode diminuir ainda mais a força do petróleo, e tornar toda a produção de combustível mais barata e simples: não vai mais ser necessário gastar milhões para remover a matéria-prima do fundo da Terra, e nem brigar por reservas já existentes. Além disso, assim como nos biocombustíveis já existentes,  o processo seria mais sustentável, já que parte da emissão de gás carbônico pelos combustíveis pode ser equilibrada pela fotossíntese das próprias algas.

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