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Área de calota polar no Ártico atinge 2º menor nível em 42 anos

Somente 2012 registrou uma superfície de gelo menor, após uma tempestade atípica. Em 2020, onda de calor na Sibéria ajudou a aumentar derretimento.

Por Bruno Carbinatto
22 set 2020, 18h28

Na última passada, a calota polar do Ártico – região formada por gelo que flutua no oceano Ártico – atingiu a segunda menor área de cobertura desde o início das medições, em 1978. É o que diz um novo relatório de cientistas americanos, divulgado na segunda-feira (21).

A extensão mínima foi atingida em 15 de setembro, quando os cientistas do Centro Nacional de Neve e Gelo (NSIDC) mediram apenas 3,74 milhões de quilômetros quadrados de gelo; é apenas 350 mil quilômetros a mais do que o recorde registrado em 2012, quando a área chegou a 3,39 milhões de quilômetros quadrados após ser alvo de um ciclone atípico.

A camada de gelo no extremo norte do planeta derrete no verão boreal e, geralmente, atinge seu mínimo em meados de setembro. Apesar disso, ela volta a crescer com o congelamento trazido pelo inverno. A cada ano, no entanto, a área que volta a congelar em março está ficando menor do que a derretida, fazendo com que a calota polar efetivamente diminua de tamanho. As 14 menores áreas de superfícies registradas estão todas nos últimos 14 anos. Segundo cientistas, isso é consequência do aumento da temperatura média do planeta – o verão de 2020 no Hemisfério Norte foi o mais quente já registrado pela humanidade.

Em 2020, a perda de gelo foi especialmente rápida no começo de setembro em decorrência da atípica onda de calor que atingiu a Sibéria, região gelada da Rússia onde as temperaturas registradas neste ano foram até 10º C maiores que o normal. A maior taxa de perda de gelo da história ocorreu entre os dias 31 de agosto e 5 de setembro, segundo os pesquisadores.

A região do Ártico é especialmente vulnerável ao aumento de temperaturas, porque o derretimento funciona como um efeito dominó: o gelo reflete mais luz do que absorve. Quando ele derrete, dá lugar à água, que, por ser mais escura, absorve mais luz e aumenta ainda mais o problema. Isso ajuda a explicar porque o Ártico tem aquecido duas vezes mais do que o resto do planeta nos últimos 30 anos.

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A tendência de piora nos últimos anos é evidente, e isso é preocupante porque o derretimento da calota polar afeta profundamente a fauna da região, de ursos polares a algas e plâncton.

“Parece que 2020 vai entrar para a história como o ano que enterra qualquer negação plausível das mudanças climáticas”, comentou Mark Serreze, diretor do NSIDC, em entrevista à CNN. “Qualquer evento individual que seja pode ser atribuído ao clima, mas juntando tudo com as ondas de calor, os incêndios, os furacões e tempestades, a natureza está nos dizendo algo.”

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