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Baleia extinta há 200 anos no Atlântico é avistada no nordeste dos EUA

O degelo cada vez maior no norte do Canadá durante o verão tem permitido a circulação de animais entre o Pacífico e o Atlântico – e gerado aparições raras.

Por Caio César Pereira
8 mar 2024, 18h00

Em um voo de levantamento aerofotogramétrico utilizado para mapear a superfície do planeta , cientistas do Aquário da Nova Inglaterra, em Massachusetts, testemunharam um evento raro: uma baleia-cinzenta (nome científico Eschrichtius robustus) nas águas do Oceano Atlântico. Após 200 anos desaparecida, essa espécie de baleia era considerada extinta na região.

O voo de pesquisa aconteceu ao sul de Nantucket, uma pequena ilha próxima da península de Cape Cod, no litoral nordeste dos EUA. A equipe captou imagens do animal emergindo e mergulhando novamente na água, e uma análise pôde confirmar que se tratava da espécie sumida. 

As Eschrichtius robustus são cetáceos com uma característica única: além da coloração branco-acinzentada que lhes dá nome, eles possuem uma espécie de corcova dorsal em vez de uma barbatana. Esses dromedários marinhos (rs) atingem 15 metros de comprimento, pesam 30 toneladas, e quase foram extintos por caçadores entre os séculos 18 e 19.

É relativamente comum ver essa espécie nadando pelas águas do Oceano Pacifico, principalmente mais ao norte. Mas, quando falamos do Atlântico, a coisa muda de figura. Elas eram dadas por extintas do lado de cá das Américas desde o século 18. Nos últimos 15 anos, somente cinco exemplares foram avistados nadando nestas águas, provavelmente oriundos do Pacifico.

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“Meu cérebro estava tentando processar o que eu estava vendo, porque esse animal era algo que realmente não deveria existir nessas águas. Estávamos rindo de emoção por ver uma espécie que desapareceu do Atlântico há centenas de anos.”, disse em comunicado à imprensa Kate Laemmle, técnica de pesquisa do Aquário da Nova Inglaterra.

Mesmo com os avistamentos, a espécie ainda é considerada extinta no Atlântico, porque os pesquisadores ainda não encontraram evidências de uma população reprodutora presente na região.

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É possível que isso aconteça num futuro próximo, porém, e por uma razão infeliz: o derretimento das geleiras no norte do Canadá, que facilita a conexão entre os dois oceanos. 

A via marítima conhecida como Passagem do Noroeste, que contorna os arquipélagos do Canadá e permite a circulação de humanos e outros bichos entre o Pacífico e o Atlântico, vem perdendo uma quantidade cada vez maior de gelo no verão. Esse é um exemplo palpável dos impactos que as mudanças climáticas tem tido sobre a distribuição das populações de animais em todo o planeta.

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