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Bolsa xamânica milenar com plantas psicotrópicas é encontrada na Bolívia

Descoberta de antropólogos confirma que antigas sociedades dos Andes tinham conhecimento avançado em botânica, e sugere uso ancestral da ayahuasca.

Por A. J. Oliveira
Atualizado em 8 Maio 2019, 12h37 - Publicado em 7 Maio 2019, 18h40

Seja com o intuito de se conectar com o plano espiritual durante rituais, seja para mero divertimento, as drogas são velhas companheiras daqueles que desejam explorar níveis mais profundos da percepção. Uma equipe internacional de pesquisadores acaba de divulgar uma descoberta que ajuda a entender melhor a relação que os povos nativos da Cordilheira dos Andes, na América do Sul, tinham com as plantas alucinógenas.

Enquanto procuravam por antigos pontos de ocupação nas encostas do hoje seco Rio Sora, no sudoeste da Bolívia, os antropólogos se depararam com um corpo sepultado ao lado de um embrulho de couro que envolvia objetos ritualísticos. O enterro foi encontrado no interior de uma caverna chamada Cueva del Chileno. Entre outros objetos, a sacola continha dois tabletes para pulverizar rapé vegetal psicotrópico, um tubo para fumar plantas alucinógenas e uma intrigante bolsinha costurada com três focinhos de raposa.

Dentro dela havia uma exuberante mistura de compostos psicoativos. “Nós já sabíamos que os psicotrópicos eram importantes nas atividades espirituais e religiosas das sociedades do centro-sul dos Andes, mas não tínhamos conhecimento de que esses povos faziam uso de tantos compostos diferentes e que possivelmente os combinavam”, disse em comunicado Jose Capriles, professor de antropologia da Universidade do Estado da Pensilvânia, nos EUA, e um dos autores do artigo publicado nesta segunda (6) no periódico científico PNAS.

“Esse é o maior número de substâncias psicoativas já encontradas em um único conjunto arqueológico na América do Sul”, explica o pesquisador, em comunicado. Os cientistas utilizaram um método de datação pelo carbono 14 e descobriram que a bolsinha é antiquíssima. Tem 1.000 anos de idade. Outras análises avançadas de seu interior com as técnicas de cromatografia e espectrometria de massa revelaram diversas substâncias.

São elas: cocaína, benzoilecgonina (um subproduto metabólico da cocaína), harmina, bufotenina, dimetiltriptamina (DMT) e possivelmente psilocina, encontrada em certos cogumelos. Haviam ali pelo menos três espécies diferentes de plantas envolvidas. De acordo com Capriles, a bolsinha de raposa provavelmente pertencia a um xamã. “Eram especialistas em rituais que tinham conhecimentos de plantas e de como usá-las como mecanismos para se conectar com seres sobrenaturais, inclusive ancestrais venerados.”

O antropólogo destaca a presença do DMT e da harmina, componentes do ayahuasca, possível indicativo de que o kit do xamã continha os ingredientes do chá que induz alucinações e estados alterados de consciência. Especialistas ainda debatem se o uso da ayahuasca é recente, se remonta a séculos ou a milênios — o achado pode ajudar. Isso também indica que os xamãs faziam trocas comerciais complexas ou iam longe atrás das plantas, nativas de outros lugares, tanto pelos seus efeitos psicotrópicos quanto medicinais.

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