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Bombas da Segunda Guerra Mundial estão ficando mais sensíveis com o tempo

Explosivos com Amatol ficam mais fáceis de explodir conforme o tempo passa – e ainda não se sabe o porquê.

Por Leo Caparroz
27 mar 2024, 19h07

Um veneno quando passa da validade fica mais fraco ou mais forte? Ele fica mais fraco. Uma bomba quando passa da validade fica mais fraca ou mais forte? Fica mais forte – ou melhor, fica mais sensível.

Pelo menos é isso que diz um estudo com bombas não detonadas da Segunda Guerra Mundial. Os pesquisadores testaram projéteis com Amatol, uma mistura de TNT com nitrato de amônio altamente explosiva. Segundo eles, as bombas ficaram mais sensíveis a impactos e podem explodir mais facilmente.

“Com base nas nossas descobertas, podemos dizer que é relativamente seguro de manusear, mas não se pode manuseá-lo como se fosse o TNT”, diz Geir Petter Novik, do Instituto Norueguês de Pesquisa de Defesa e autor principal do estudo. “Certamente pode explodir se cair, ao contrário do TNT.”

O Amatol foi desenvolvido em 1915 no Reino Unido, quando os suprimentos de TNT estavam acabando. Muitos países pararam de usar o Amatol quando a produção de TNT aumentou no final da Segunda Guerra Mundial, mas em lugares como a União Soviética ele continuou a ser usado. 

É impossível dizer qual porcentagem de munições não detonadas em todo o mundo contém Amatol. Mas, das 20 bombas e projéteis analisados no estudo, cinco continham o material. Novik também o encontrou na grande maioria das bombas não detonadas da Segunda Guerra Mundial que examinou em sua carreira.

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Existem milhões de toneladas de explosivos não detonados em todo o mundo, guardados com cuidado em depósitos ou espalhados por aí na forma de bombas que não detonaram quando foram lançadas. Engana-se quem acredita que um explosivo envelhece e perde o efeito, se tornando menos perigoso com o tempo.

Em 2022, a equipe de Novik testou amostras de TNT (Trinitrotolueno) e PETN (Tetranitrato de pentaeritrina), dois explosivos muito comuns, retirados de bombas e projéteis da Segunda Guerra Mundial. Analisando suas propriedades explosivas, eles descobriram que os explosivos não haviam deteriorado e que eram tão potentes quanto na época em que foram fabricados.

No estudo atual, publicado no periódico Royal Society Open Science, eles testaram a sensibilidade ao impacto de cinco amostras de Amatol retiradas de bombas e projéteis não detonados da Segunda Guerra Mundial encontrados na Noruega. Os pesquisadores pegavam diferentes pesos e os lançavam de diferentes alturas para atingir as amostras e descobrir o que era necessário para fazê-las explodir.

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Todas as cinco amostras foram mais sensíveis aos impactos do que o esperado para o Amatol – e uma delas estava até quatro vezes mais sensível.

O que isso muda? Bom, agora os pesquisadores vão tomar mais cuidado ao manusear esses objetos frágeis. 

Por enquanto, eles ainda não sabem por que a sensibilidade ao impacto aumenta. Eles suspeitam que, dentro da bomba, ocorra a formação de cristais ou sais sensíveis. Ela pode ser resultado de contaminantes do processo de fabricação ou de reações com a parede metálica à medida que o revestimento se deteriora – ou simplesmente ocorrer devido ao envelhecimento.

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