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Brasil realiza maior sequenciamento genético de idosos da América Latina

Conhecer os genomas brasileiros, que misturam heranças africanas, europeias e nativas, é importante para a medicina de precisão – que busca desenvolver tratamentos personalizados com base no DNA de cada paciente.

Por Maria Clara Rossini
25 set 2020, 12h25
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  • Mais de mil paulistanos agora fazem parte do maior banco de dados genômicos de idosos da América Latina. Pesquisadores do Centro de Estudos do Genoma Humano e de Células Tronco, da USP, sequenciaram o genoma completo de 1.171 homens e mulheres com média de 71 anos de idade.

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    Os dados já estão disponíveis para outros pesquisadores no Arquivo Brasileiro Online de Mutações. O artigo que anuncia a novidade, embora já tenha sido divulgado em forma de PDF, ainda deve passar por revisão de pares (isto é, a avaliação de outros especialistas) antes de ser publicado em um periódico especializado. 

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    Analisando o genoma dos voluntários, é possível identificar mutações genéticas responsáveis por doenças, bem como a incidência dessas mutações na população analisada. O contrário também vale: os pesquisadores podem encontrar alelos que estão relacionados ao envelhecimento saudável. Ter um banco de dados apenas com idosos é importante para estudar doenças que geralmente se manifestam após a velhice, como Alzheimer e Parkinson. 

    A pesquisa demorou mais de dez anos para ser concluída. Os voluntários não possuem parentesco entre si e são moradores da cidade de São Paulo. O grupo inclui descendentes de imigrantes de diferentes nacionalidades e contextos socioeconômicos.

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    As primeiras análises dos genomas identificaram 76 milhões variantes genéticas. Dessas, duas milhões não estão descritas em bancos de dados de outros países – ou seja, são inéditas.

    Segundo os autores, o motivo para isso é que a maioria dos bancos de dados conta com populações europeias, já que a maior parte dos estudos são feitos lá. Por ter mais miscigenação, a população brasileira acaba subrepresentada nos bancos genômicos internacionais.

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    Isso tem impacto não apenas na diversidade dos bancos, mas também no alcance da medicina de precisão, uma abordagem que propõe tratamentos personalizados e mais eficazes de acordo com o código genético do indivíduo. “Toda vez que você toma um remédio, uma droga nova, você não sabe se vai ser eficiente, inócua ou se vai ser tóxica. Hoje, a gente sabe que isso depende do nosso genoma” disse a pesquisadora Mayana Zatz em entrevista à GloboNews

    Se os bancos de dados possuem apenas as variantes europeias, a medicina de precisão terá dificuldade em encontrar drogas específicas para os DNAs brasileiros.

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    Um exemplo apontado pelos pesquisadores é o da fibrose cística, uma doença hereditária que afeta as células que produzem muco, como nos pulmões e sistema digestivo. A mutação que causa a doença é mais presente em caucasianos, então ela também é mais frequente na Europa. Ela afeta um em cada 2 mil europeus, enquanto se restringe a um em cada 10 mil brasileiros. 

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    Por outro lado, a surdez relacionada ao gene GJB2 é mais prevalente em brasileiros do que europeus – uma informação valiosa para a gestão de saúde brasileira “O sequenciamento de genomas completos pode auxiliar na elaboração de políticas de saúde pública ao ajudar a estimar quantas pessoas podem nascer com doenças genéticas em uma determinada população”, diz Michel Naslavsky, autor do estudo, à FAPESP.

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