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Canudos de papel também podem ser um problema ambiental, mostra estudo

Pesquisadores descobriram nos canudos de papel a presença de PFAS, compostos químicos sintéticos conhecidos como “produtos químicos eternos”.

Por Caio César Pereira
Atualizado em 8 jan 2024, 19h11 - Publicado em 8 jan 2024, 17h31

Não é de hoje que a proibição de canudos plásticos vem sendo aplicadas por todo o país. O plástico pode demorar mais de 400 anos para se decompor na natureza, e graças ao seu descarte incorreto, pode ser encontrado em quase todos os lugares (quem não se lembra da pobre tartaruga marinha que foi encontrada com um canudo plástico preso na narina?).

Assim, a solução foi adotar canudos feitos de outros tipos de materiais, como o papel. Infelizmente, porém, o canudo de papel também tem um problema. E não, não estamos falando isso por ele simplesmente murchar e desfazer conforme o uso. De acordo com uma pesquisa da Universidade de Antuérpia, na Bélgica, ele não é uma opção boa ecologicamente falando.

O estudo mostrou que essa alternativa ao canudo plástico contém pequenas quantidades de substâncias químicas bastante persistentes, como os compostos per- e polifluoroalquil (PFAS). Eles formam um grupo de até 15 mil compostos sintéticos, com alto poder antiaderente e impermeabilizante, e que são utilizados em larga escala em uma série de produtos desde a década de 1950.

Conhecidos como produtos químicos eternos, eles formam ligações tão poderosas, que os pesquisadores ainda não sabem exatamente quanto tempo eles demoram para se decompor (daí o nome). De acordo com uma pesquisa publicada no jornal Environmental Science & Technology Letters, esses compostos podem estar na água de mais de 200 milhões de americanos. É possível que cerca de 99% das pessoas no país tenham algum tipo de PFAS na sua corrente sanguínea.

Os pesquisadores da Universidade de Antuérpia testaram 39 marcas diferentes de canudos, feitos de plástico, papel, vidro, bambu ou aço inoxidável. Utilizando a tecnologia de espectrometria de massa de alta resolução, eles descobriram que, com exceção do aço inoxidável, os PFAS estavam presentes em praticamente todos os outros materiais.

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A presença dos PFAS nos canudos pode vir de duas formas. A primeira, é que para tornar os canudos feitos de papel ou bambu repelentes a água, as indústrias acabam utilizando algumas PFAS na sua fabricação.

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Outra hipótese é que esses canudos sejam feitos de material reciclado. Como os PFAS são resistentes, e já estão espalhados pela natureza, eles continuam presentes nos materiais, mesmo após a sua reciclagem.

Os pesquisadores ainda realizam pesquisas para saber o impacto que a presença dos PFAS podem ter no organismo. Apesar de ainda não se saber o impacto que pequenas quantidades podem trazer, o acúmulo a longo prazo talvez possa acarretar problemas de saúde.

“Pequenas quantidades de PFAS, embora não prejudiciais por si mesmas, podem somar-se à carga química já presente no corpo”, conta ao Science Daily, Thimo Groffen, pesquisador na Universidade de Antuérpia e um dos autores do estudo.

Para os pesquisadores, a recomendação é ou utilizar canudos de aço inoxidável (o que convenhamos, nem sempre é possível), ou não utilizar canudo nenhum. 

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