Chuva de granizo: por que ela acontece – e quais foram os piores casos
Descubra como se proteger das pedradas – e, de quebra, conheça as chuvas de granizo que mais deram prejuízo na história
Uma verdadeira saraivada atingiu Belo Horizonte na noite desta segunda-feira (6). A chuva de granizo que caiu sobre a capital mineira destruiu telhados, derrubou árvores, alagou ruas, provocou deslizamentos e queda de energia. Até o Campeonato Brasileiro de Futebol foi afetado: o jogo entre Atlético Mineiro e Internacional, no estádio do Independência, teve que ser interrompido duas vezes (o que parece ter prejudicado os anfitriões, que perderam de 1 a 0 para o Colorado).
O fenômeno – atribuído ao encontro de uma frente fria com uma massa de ar quente que pairava sobre BH – ocorre quando se formam as chamadas cúmulos-nimbos, nuvens gigantes que chegam a 15 quilômetros de altitude. Mas bastam 5 quilômetros (onde a temperatura já é inferior a 0ºC) para que as gotinhas de água que formam a nuvem virem pedras congeladas. E, quanto mais sobem as cúmulos-nimbos, maiores vão ficando os granizos.
Felizmente, eles só chegam ao solo (aka destroem casas, carros e cidades) quando as correntes de ar que os empurram para cima são mais fracas do que as que os direcionam para baixo – o que dificilmente acontece. Em dias mais quentes, a pedrinha derrete na atmosfera e cai em forma líquida.
A Secretaria Nacional de Defesa Civil dá algumas dicas básicas para se proteger das pedradas. Não custa reforçá-las: evite ficar sob coberturas metálicas (o risco de elas serem perfuradas pelo granizo é alto). Caso esteja de carro, estacione o veículo em local fechado e, de preferência, longe de torres de transmissão ou placas de propaganda. E passe longe de construções mal-acabadas – nada como um bom peteleco de gelo para finalmente derrubar algo que está prestes a cair.
Muito mais divertido do que salvar a própria pele é salvar a de uma árvore. Plantações de maçã, pera e pêssego estão entre as mais vulneráveis aos estragos causados pelo granizo. Mas o problema pode ser minimizado utilizando-se foguetes abastecidos com iodeto de prata. Funciona assim: um radar identifica uma nuvem cúmulo-nimbo com granizo e envia sinais a uma estação onde se encontra a bateria de foguetes, que são prontamente posicionados e lançados em direção à nuvem. Depois de um tempo, eles explodem e espalham o composto, que reage com as pedrinhas e as dissolve. Bingo: as frutas estão a salvo do bombardeio.
Se você assustou com o granizo mineiro, saiba que o tamanho pão de queijo não é nem de longe o maior que o gelo cadente pode alcançar. O caso mais pesado da história se deu em Bangladesh, em 1986, quando choveram pedregulhos de 1 quilo.
Outro episódio triste rolou em 1888, em Moradabad, na Índia, quando 246 pessoas morreram devido a uma chuva de granizo. Os fragmentos foram comparados a bolas de críquete, laranjas ou ovos de ganso – e demoliram 2 mil residências. Um dos pouco relatos que ficaram da ocasião é do britânico Sir John Eliot, que na época reportava os acontecimentos meteorológicos da ex-colônia inglesa (a Índia ficou sob domínio inglês até 1947).
Ele conta (em terceira mão – o relato passou por dos pesquisadores americanos antes de ser impresso): “…uma incrível tempestade de granizo se seguiu, e quebrou todas as janelas e portas de vidro. As sacadas foram levadas pelo vento. Uma grande porção do teto caiu, e um enorme portal de alvenaria desabou. As paredes balançaram, estava escuro lá fora, e pedras de gelo imensas eram arremessadas contra o solo com uma força que nunca vi igual.” A Universidade Estadual do Arizona, nos EUA, mantém um registro detalhado desses e outros granizos épicos.
Mas se o século 19 é vintage demais para você, fique com um caso contemporâneo. Em 1995, na cidade de Fort Worth, no Texas, uma chuva com pedras de mais de 10 centímetros feriu 90 pessoas e causou US$ 2 bilhões de prejuízo – de acordo com Jennifer Miller, meteorologista da Universidade Estadual da Pensilvânia, esse foi um dos 10 desastres naturais mais custosos da história das companhias de seguros.