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Cientistas criam método para transformar CO2 em plástico biodegradável

Técnica desenvolvida na USP pode ajudar a combater dois problemas ambientais ao mesmo tempo; veja como ela funciona

Por Carolina Fioratti e Bruno Garattoni
Atualizado em 15 jun 2021, 15h17 - Publicado em 15 jun 2021, 14h56

O CO2 é o grande vilão do aquecimento global. Os plásticos estão entre os maiores responsáveis pela poluição nos oceanos. E se existisse um jeito de resolver os dois problemas de uma vez? Pesquisadores do Fapesp Shell Research Centre for Gas Innovation (RCGI), na Universidade de São Paulo, desenvolveram um método para fazer isso: transformar CO2 extraído da atmosfera em plástico biodegradável, que se decompõe após alguns anos. A química Elen Aquino, coordenadora do projeto, explicou a técnica à Super. 

Como é feita a conversão de CO2 em plástico?

Com cianobactérias, organismos fotossintetizantes que utilizam o CO2 como fonte de energia. Quando estão sob condição de estresse luminoso [submetidas à muita luz], elas captam essa fonte de energia e a transformam em polihidroxibutirato (PHB), um tipo de bioplástico. O cultivo das cianobactérias é realizado em laboratório, e o CO2 capturado por elas é transformado em biomassa – da qual 31% é bioplástico.

Quais são as vantagens em relação a métodos já existentes?

O PHB costuma ser produzido [comercialmente] por bactérias alimentadas com açúcar. Aqui, a grande vantagem é que você não usa açúcar, não compete com o mercado de alimentos. Além disso, captura CO2, um gás disponível na atmosfera, que não precisa ser comprado, e ainda ajuda a mitigar suas consequências negativas para o efeito estufa.

Quando isso poderá ser aplicado em larga escala?

Não há previsão. O mercado ainda é bastante resistente, principalmente por conta do preço. Hoje, mesmo se for produzido em escala industrial, o PHB ainda custa de 3 a 5 vezes mais que o plástico derivado de petróleo. Precisamos ter a conscientização da sociedade de que vale a pena pagar um pouco mais por um plástico que é biodegradável, e que não é tóxico. E, também, políticas públicas que estimulem a fabricação desse bioplástico. 

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