PRORROGAMOS! Assine a partir de 1,50/semana

Cientistas podem ter achado antídoto para cogumelo que mais mata no mundo

O cicuta-verde é responsável por grande parte dos envenenamentos por cogumelos – e a solução pode estar em um corante médico.

Por Leo Caparroz
16 Maio 2023, 17h35

Os cozinheiros acostumados a preparar cogumelos sabem que devem tomar cuidado com um fungo aparentemente inofensivo, mas mortal: o cicuta-verde (Amanita phalloides), que possui toxinas suficientes para matar um humano adulto. Nativo da Europa, ele pode ser encontrado também na Ásia, Austrália e Américas.

Por ser visualmente semelhante a cogumelos utilizados na gastronomia, o cicuta-verde é responsável por 90% dos envenenamentos por cogumelos. Os sintomas chegam de 6 a 12 horas após a ingestão e incluem náuseas e vômitos, convulsões, coma – e, possivelmente, morte. 

Cientistas identificaram uma substância que pode atuar como um antídoto para o envenenamento por cicuta-verde. Trata-se da indocianina verde, um corante usado em diagnóstico por imagem para medir a função hepática e cardíaca.

Os pesquisadores mostraram que o corante pode reduzir a potência da principal toxina do cogumelo, a α-amanitina, em células de camundongos e humanos. No estudo publicado na revista Nature Communications, os autores primeiro buscaram desvendar o nível de destruição da α-amanitina nas células. Então, identificaram uma enzima chamada STT3B, necessária para a síntese de proteínas que causavam a morte celular – a chave para a toxicidade da α-amanitina.

Em seguida, os pesquisadores foram atrás de substâncias já aprovadas pelo FDA (a Anvisa americana) em busca de um potencial inibidor de STT3B, e encontraram a indocianina verde.

Continua após a publicidade

Depois começaram os testes com essa substância, conduzidos com células humanas e camundongos. Ambas ficaram mais resistentes à α-amanitina quando pré-tratadas com indocianina verde. 

Por fim, o antídoto foi testado em camundongos vivos. Eles receberam a toxina  do cogumelo e, depois de 4 horas (para imitar o que aconteceria em um caso de envenenamento), foram tratados com indocianina verde. Os camundongos tratados tiveram menos danos aos órgãos e morte celular, resultando em maior chance de sobrevivência em comparação aos animais do grupo controle, que não foram tratados.

Contudo, de 8 a 12 horas após o envenenamento, o tratamento perdeu seu efeito. Segundo os pesquisadores, isso sugere que a indocianina verde deve ser administrada o mais cedo possível – preferencialmente, entre 1 e 4 horas depois da contaminação.

Continua após a publicidade

As pesquisas com a indocianina verde vão continuar e devem determinar como ela inibe a α-amanitina, além de avaliar o quão seguro é administrá-la em humanos.

“Esta molécula tem um imenso potencial para o tratamento de casos de envenenamento humano por cogumelos”, afirma Qiaoping Wang, um dos autores do estudo. “Poderia salvar muitas vidas se for tão eficaz em humanos quanto em camundongos”.

Compartilhe essa matéria via:
Publicidade


Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY
Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

Apenas 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Super impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 10,99/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.