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Cogumelos psicodélicos podem ajudar alcoólatras a beber menos

O composto alucinógeno deixaria o cérebro mais suscetível a um tratamento com terapia.

Por Leo Caparroz
Atualizado em 26 ago 2022, 11h45 - Publicado em 25 ago 2022, 18h29

O uso de psicodélicos associados à terapia parece ajudar as pessoas com alcoolismo a reduzir as vezes em que bebem muito, de acordo com um estudo. Usando psilocibina, um composto psicodélico encontrado em cogumelos alucinógenos, os pesquisadores trataram pacientes por mais de oito meses e observaram melhora em seus hábitos.

A ideia de usar psicodélicos como tratamentos para o alcoolismo foi bastante popular nas décadas de 1960 e 1970, quando estudos sobre o LSD descobriram que ele reduzia o uso indevido de álcool. Esse campo de pesquisa esfriou nas décadas seguintes, até o interesse renascer com a nova pesquisa.

O estudo incluiu 93 pessoas dependentes de álcool. Nos três meses que antecederam o estudo, os participantes bebiam em aproximadamente 60 dos dias. Desse período, cerca de metade era de consumo pesado – definido na pesquisa como cinco ou mais drinks por dia para um homem e quatro ou mais para uma mulher.

Os participantes, aleatoriamente, receberam a orientação de ingerir uma cápsula de psilocibina ou um antialérgico – usado como placebo – duas vezes ao longo das 36 semanas do estudo. Também tiveram quatro sessões de terapia antes da primeira dose, quatro sessões entre elas e mais quatro após a segunda dose do medicamento.

Depois dos encontros iniciais com terapeutas, todos já bebiam menos – os dias de consumo excessivo foram de cerca de metade para cerca de um quarto dos dias de consumo. Esse número continuou caindo para as pessoas que tomaram psilocibina. Com o fim do estudo, o consumo excessivo foi reduzido a cerca de um décimo dos dias em que bebiam. Importante: quem tomou o antialérgico ainda ficou no um quarto.

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As pessoas que tomaram psilocibina descreveram experiências intensas. Mas, no contexto do estudo, os cogumelos eram seguros, e depois só causaram efeitos colaterais leves, como dor de cabeça e náusea. Os participantes foram cuidadosamente selecionados e monitorados durante todo o tempo que passaram com o medicamento. Pessoas com outras condições psiquiátricas ou em um ambiente menos controlado teriam uma experiência diferente e até perigosa.

A combinação da psilocibina com a terapia também é fundamental para a abordagem usada. Os pesquisadores sugerem que a droga pode ajudar o cérebro a mudar e crescer mais facilmente em áreas que afetam o pensamento e o comportamento – deixando as pessoas mais abertas e receptivas à terapia. A experiência de fazer uma viagem alucinógena também pode ajudar.

As mudanças duraram meses após a segunda dose da psilocibina. Segundo os pesquisadores, isso sugere que a psilocibina trate mesmo o distúrbio do vício em álcool em vez de apenas amenizar ou lidar com os sintomas.

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