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Cientistas transformam lixo nuclear em superbateria de diamante

Imagine uma bateria que leva mais de 6 mil anos para acabar. Pesquisadores da Inglaterra querem fazer isso limpando lixo radioativo.

Por Ana Carolina Leonardi Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
30 nov 2016, 19h34

Cientistas provavelmente passam mais tempo se perguntando porque as baterias não duram mais do que o que vamos fazer com todo o lixo radioativo produzido por usinas nucleares. Mas um grupo de pesquisadores da Universidade de Bristol acha que pode ajudar a solucionar os dois problemas de uma vez.

Os cientistas desenvolveram um diamante sintético que é capaz de criar pequenas correntes de eletricidade simplesmente por estar próxima de uma fonte de radiação.

Para provar que o material funciona, eles usaram um isótopo instável de níquel – mas eles tem ideias bastante ambiciosas de onde encontrar outros materiais radioativos.

Uma das opções mais atraentes é o enorme estoque de carbono-14 que a Inglaterra, onde fica a Universidade, tem armazenada. Isso porque as plantas de energia nuclear do país usavam blocos de grafite como moderadores de reatores nucleares. O problema é que esse material também se torna reativo, pelo menos na superfície – e a Inglaterra acabou com 95 mil toneladas de grafite que precisa ser monitorado para não contaminar o ambiente.

Os cientistas pretendem incorporar esse mesmo carbono-14 dentro dos diamantes “elétricos”. Assim, reaproveitam lixo nuclear como fonte de radiação e geram energia, enquanto o diamante também funciona como proteção contra vazamento de radiação.

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“O carbono-14 foi escolhido como matéria prima porque ele emite radiação de curto alcance. É perigosa se entrar em contato com a pele ou for ingerida, mas se ela foi contida com segurança no diamante, nenhuma radiação escapa”, afirmou Neil Fox, um dos pesquisadores, em um comunicado à imprensa.

A superbateria de diamante tem uma corrente elétrica baixa e uma capacidade menor que uma pilha AA, por exemplo, que é capaz de prover 700 joules por grama, e vem com 20 gramas. O problema é que, 24 horas depois, com uso contínuo, a pilha acaba.
Já o diamante tem energia pelo tempo que durar a radiação dentro dele. No caso do carbono-14, uma grama, segundo os cientistas, consegue prover 15 joules ao dia – todos os dias, rigorosamente, por 5.730 anos, que é a meia vida dele. Quase 6 milênios depois, então, o medidor de bateria mostraria “50%”, dizem os cientistas.

Se a bateria de diamante não pode, atualmente, prover energia para abastecer eletrodomésticos, os cientistas creem que ela pode se tornar uma alternativa para marca-passos, por exemplo, que têm baixo consumo de energia e precisam de baterias duráveis.

A longo prazo, os pesquisadores esperam desenvolver a tecnologia para satélites, drones de grande altitude e até naves espaciais, equipamentos bem mais inconvenientes de carregar do que os nossos smartphones.

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