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Cientistas vão “bombardear” ilha remota para matar um milhão de “ratos devoradores de aves”

Os camundongos são uma espécie invasora, e toneladas de veneno serão usadas para salvar a fauna local.

Por Bruno Carbinatto
Atualizado em 9 set 2024, 00h14 - Publicado em 6 set 2024, 14h00

Cientistas e ambientalistas anunciaram na semana passada que vão “bombardear” uma ilha remota com toneladas de veneno para matar um milhão de camundongos. Mas é por um bom motivo: os roedores são uma espécie invasora que estão literalmente devorando as aves nativas do local.

O local em questão é a Ilha Marion, uma das duas integrantes da dupla conhecida como Ilhas do Príncipe Eduardo. Extremamente remota e de difícil acesso, ela fica entre a Antártida e a África do Sul, e faz parte do território do país africano.

No século 19, humanos introduziram na ilha o camundongo comum (Mus musculus). Como uma espécie invasora, sem predadores, os ratinhos logo começaram a se reproduzir loucamente e se alimentar das plantas e dos pequenos invertebrados do local, dizimando suas populações. Depois, passaram a se alimentar dos ovos deixados por aves, e, nas últimas décadas, dos filhotes dos pássaros. Mais recentemente, começaram a atacar – e até matar – os adultos também.

A ave mais ameaçada pelos invasores é o albatroz-errante (Diomedea exulans), que faz seus ninhos na ilha. Mas outras 18 espécies (das 29 de pássaros que habitam o território) também estão sob risco. Como nunca enfrentaram predadores terrestres, esses bichos simplesmente não sabem como reagir quando os camundongos começam a comer seus corpos.

A ameaça é conhecida há bastante tempo, mas só recentemente os cientistas começaram a considerar opções mais radicais para salvar as aves. Em março, já haviam adiantado que planejavam um “bombardeio”. Agora, confirmaram de vez que pretendem exterminar os camundongos da ilha.

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A organização Mouse-Free Marion Project (Projeto Marion sem Camundongos), uma iniciativa que une o governo sul-africano e a ONG BirdLife South Africa, anunciou que planeja bombardear a ilha com 600 toneladas de pellets contaminados com raticida (veneno de rato). 

Para a empreitada, a iniciativa está arrecadando US$ 29 milhões, dos quais um quarto já foi levantado.

A ideia é que o ataque aconteça em 2027, no inverno, quando a maioria das aves migram para outro local e os roedores ficam com mais fome. Pilotos teriam que voar por toda ilha sob condições difíceis, jogando toneladas de venenos em toda ilha. A missão é acabar com a espécie mesmo – se um macho e uma fêmea permanecerem vivos, o problema vai eventualmente retornar.

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Segundo os cientistas, o raticida usado não deverá atingir as espécies de invertebrados da ilha e nem das aves, que geralmente se alimentam de peixes no mar.

Não é a primeira vez que a ilha é palco de uma situação assim. Na década de 1940, cinco gatos foram introduzidos no local como pets de uma estação de pesquisa. Suas crias escaparam e criaram uma população de gatos selvagens que começou a matar as aves do local rapidamente. Cientistas, no entanto, conseguiram exterminar os mamíferos na década de 1990, usando uma abordagem que durou 20 anos e incluiu a introdução de um vírus felino, armadilhas e a caça intensiva.

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