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Como as baleias se tornaram os maiores animais da Terra

Os ancestrais das baleias foram mamíferos terrestres de porte médio com patas de dois dedos. Pesquisadores revelam quando e por que elas cresceram tanto.

Por Bruno Vaiano Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 25 Maio 2017, 18h38 - Publicado em 25 Maio 2017, 18h37

Esqueça os padrões de beleza: nos oceanos, uns (muitos) quilos a mais estão na moda há pelo menos 4,5 milhões de anos. Uma pesquisa publicada na última semana revelou como as baleias – que já foram, ao longo da evolução, mamíferos terrestres de porte médio com patas de dois dedos – desenvolveram nadadeiras, ficaram do tamanho de um ônibus e começaram a dominar os mares. E, é claro, porque foi tão vantajoso se tornar um animal de peso. Acompanhe a história.

Caça e poluição à parte – a ação do ser humano moderno, na linha do tempo geológica, é uma fração de segundo – ser uma baleia nos oceanos da Terra nunca foi uma ideia tão boa quanto é hoje em dia. As baleias contemporâneas da ordem Mysticeti (como a baleia-azul, que pesa algo entre 140 mil e 180 mil quilos e tem o tamanho de um ônibus biarticulado) são concorrentes sérias ao título de maior animal que já existiu. Nem os maiores dinossauros conseguiram ultrapassá-la.

Isso foi possível por três motivos. O primeiro é o método de alimentação por filtragem. Em vez de dentes, as maiores baleias têm uma espécie de filtro feito de cerdas de queratina. É só abrir a imensa cavidade e nadar em direção a uma colônia de pequenos crustáceos – chamados genericamente de krill – para engolir todos sem esforço, evitar que a sujeira entre junto e garantir a maior refeição da história.

As ferramentas necessárias para comer desse jeito se desenvolveram há algo entre 20 milhões e 30 milhões de anos. Nessa época, as ancestrais das baleias atuais não tinham mais quase nada em comum com os mamíferos terrestres que lhes deram origem – do ponto de vista anatômico, já eram bem parecidas com as espécies conhecidas, só que muito, muito menores. “Foi aí que boom! Elas ficaram enormes”, contou ao New York Times Nick Pyenson, curador do museu de história natural do Smithsonian, nos EUA, e um dos autores do estudo. “Elas foram do tamanho de uma minivan a algo maior que dois ônibus escolares.”

Por que isso aconteceu? Afinal, um bocão eficiente não tem serventia se não há comida o suficiente para justificar seu uso.

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Nesse ponto entra o segundo motivo: uma mãozinha das mudanças climáticas. Um período de glaciação começou por volta de 4,5 milhões de anos atrás. Conforme a água virava gelo, o nível do mar caía. Correntes mais frias, que costumavam correr próximas do leito dos oceanos, foram para mais perto da superfície, levando junto muito material orgânico nutritivo. Enormes populações de krill se acumularam em locais mais acessíveis para aproveitar o almoço grátis. Segundo o artigo científico, esses “lençóis” de pequenos crustáceos alcançavam quilômetros de comprimento e tinham até 20 m de altura.

Para uma baleia, um quilômetro de crustáceos é o equivalente humano de ganhar um rodízio de pizza. Todo dia, café da manhã, almoço e jantar. Acontece que comer muito não deixa as baleias mais compridas – só mais gordas. Para convencer a evolução de que crescer era o melhor caminho, faltou o terceiro elemento: distância.

Ser imenso só é vantagem se você precisa percorrer longas distâncias. Quanto maior o tanque de combustível, ou seja, a gordura corporal, mais fácil é sobreviver a uma longa viagem. Ainda bem que, na época, os ciclos ecológicos que fizeram as grandes populações de krill explodirem foram espaçados e imprevisíveis. Levaram vantagem na sobrevivência as baleias que gostavam de por a nadadeira na estrada – e percorrer milhares de quilômetros atrás da próxima refeição. Uma série de coincidências que levou diversas espécies sem relação entre si aos tamanhos atuais, e que dificilmente se repetiria em outras condições.

 

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