Relâmpago: Revista em casa a partir de 9,90

Como o aquecimento global está mudando os jogos de beisebol

Conforme o planeta esquenta e a densidade do ar diminui, home runs ficaram mais frequentes. Entenda.

Por Leo Caparroz
11 abr 2023, 19h44

O aumento das temperaturas do planeta altera a nossa vida em vários aspectos: o gelo dos polos derrete, o nível dos mares sobe e as bolas em jogos de beisebol vão mais longe.

Um grupo de pesquisadores analisou 100 mil jogos da Major League Baseball (MLB), a liga americana do esporte, e mais de 200 mil bolas rebatidas para chegar à conclusão de que o aquecimento global está tornando os home runs mais frequentes.

No beisebol, o objetivo é (como em todo esporte) marcar mais pontos do que o seu adversário. Pontos são conquistados quando um jogador consegue correr por todas as três bases e voltar para o início sem ser interceptado pelo time adversário. O rebatedor de um time só pode correr se ele acertar a bola e ela ficar dentro do campo de jogo – se ela for para fora, é uma falta.

Um home run é marcado quando o rebatedor rebate a bola tão longe, mas tão longe, que ela sai da área do campo e geralmente vai parar na arquibancada. Se ele fizer isso, mantendo a bola fora da área de falta, ele pode cruzar todas as bases e marcar um ponto de graça para seu time.

O momento é o mais emocionante de uma partida. É como ver um gol de fora da área: pode ser feito, mas é bem difícil. Durante as últimas quatro décadas, o número de home runs marcados na MLB aumentou em 34%, e até alguns recordes foram quebrados. Isso estimulou pesquisadores a produzirem estudos, e analisarem quais fatores estariam contribuindo para esse aumento.

Continua após a publicidade
Gráfico de linha crescente indicando os índices de home runs nos jogos.
O gráfico acima mostra o como variou a média de home runs por jogo. É evidente que os números estão aumentando. (The Conversation/CC-BY-ND/Reprodução)

Na pesquisa, os cientistas usaram dados de mais de 100 mil jogos da MLB, entre 1962 e 2019, e 200 mil bolas rebatidas, somadas às temperaturas em dias de jogo, para mostrar que as temperaturas mais altas, de fato, aumentaram o número de home runs. Mais especificamente, um jogo 10 °C mais quente teria quase 20% mais home runs do que a média.

A explicação científica é relativamente simples: o ar quente é menos denso que o ar frio. Isso quer dizer que as moléculas do ar quente se movem mais rapidamente, deixando mais espaço entre elas. Como resultado, uma bola rebatida é capaz de voar mais longe, já que encontra menos resistência do ar.

Continua após a publicidade

Usando a vasta coletânea de dados sobre home runs e temperatura, os pesquisadores puderam estimar seu efeito, isolando estatisticamente o papel da temperatura. Além disso, com informações obtidas de câmeras de alta velocidade, que forneciam o ângulo e a velocidade de lançamento de cada batida, os pesquisadores puderam comparar uma bola saindo de um bastão praticamente no mesmo ângulo e velocidade em um dia quente e um dia frio.

Gráfico de linha crescente indicando a temperatura global ao longo do período de 1880 e 2020.
A temperatura do planeta, então, nem se fala. A partir de meados de 1980, a Terra vem esquentando mais e mais. (The Conversation/CC-BY-ND/Reprodução)

Segundo o estudo, mais de 500 home runs desde 2010 podem estar diretamente ligados à redução da densidade do ar causada pelo aquecimento global. Comparados aos mais de 65 mil home runs que aconteceram no período, é pouco – apenas 0,8%. O aumento, obviamente, também acontece graças ao rebatedores, que tentam rebater a bola mais alto e com mais força.

Continua após a publicidade

Apesar desse aumento não ser tão expressivo agora, ele tende a aumentar conforme o aquecimento global continua a elevar a temperatura. Os pesquisadores falam de “várias centenas de home runs adicionais por ano”, e “milhares de home runs cumulativamente ao longo do século XXI”.

Para os fãs de beisebol, esse lado pode parecer empolgante, mas esse sinaliza um grande problema. Com o aumento das temperaturas, a saúde e a segurança de jogadores e torcedores em estádios fica comprometida – além, é claro, das milhares de pessoas ao redor do mundo que sofrem com consequências diretas do aquecimento global.

Compartilhe essa matéria via:
Publicidade


Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas 5,99/mês
DIA DAS MÃES

Revista em Casa + Digital Completo

Receba Super impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
A partir de 10,99/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a R$ 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.