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Como usar óxido nítrico para tornar a soja resistente à estiagem

No #MulherCientista desta semana, conversamos com a bióloga brasileira Fernanda Farnese sobre seu trabalho com agricultura.

Por Maria Clara Rossini
17 set 2020, 21h14

Períodos de seca fora de época são péssimos para plantações de soja – e consequentemente, para a economia do Brasil, que é o maior produtor mundial do grão. Entre 2018 e 2019, foram 2 milhões de toneladas perdidas só no estado de Goiás. No Rio Grande do Sul, a produtividade caiu mais de 40% graças à seca deste ano.

Fernanda Farnese é professora e pesquisadora do Instituto Federal Goiano. Seu foco é entender como as plantas reagem, em escala celular, a condições adversas – e buscar maneiras de tornar os vegetais mais tolerantes.

Contra o estresse hídrico, um pouco de óxido nítrico cai bem. Esse gás penetra nas células vegetais e atua como sinalizador, avisando a planta que as condições ambientais mudaram e que ela precisa se adaptar. Tal recado, é claro, se dá por meio de uma complexa sequência de reações bioquímicas – cujo objetivo final é incentivar a expressão de genes que contêm instruções para produzir proteínas capazes de lidar com a situação. A produtividade das plantas expostas à seca aumentou mais de 60% graças à técnica.

A ideia é genial, mas tem um problema: esse gás não pode ser simplesmente pulverizado nas lavouras. O óxido nítrico se degrada facilmente em contato com a luz solar e o oxigênio, o que demandaria uma aplicação constante do gás durante todo o período de seca.

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A solução foi usar nanopartículas que entram na planta e liberam o óxido nítrico lá dentro gradualmente. No momento, Farnese está estudando a eficiência dessas nanopartículas. Ela afirma que “essa tecnologia traria grandes ganhos econômicos e ambientais para o Brasil”. Ambientais? Sim: com uma lavoura mais produtiva por metro quadrado, espera-se que menos trechos de floresta sejam desmatados.

A pesquisa é realizada em parceria com a Universidade Federal do ABC e a Embrapa Soja. O impacto ambiental e econômico da pesquisa rendeu à Farnese o prêmio Para Mulheres na Ciência de 2020, entregue pela L’Oréal, Unesco Brasil a Academia Brasileira de Ciências.

Quem acompanha o Instagram da SUPER já conhece o #MulherCientista: a seção em que nós explicamos a vida e obra de mulheres lendárias (e esquecidas) do mundo acadêmico. Agora, em vez de contar a história de mulheres do passado, nossa repórter @m.clararossini vai entrevistar cientistas brasileiras do presente – e entender suas contribuições para um país em que a ciência anda tão negligenciada. Esses posts vão passar a aparecer também no nosso site. Até o próximo final de semana! 

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