Assine SUPER por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Conheça a Pisonia grandis: a árvore que mata pássaros só porque pode

Suas sementes grudentas se prendem às penas dos animais – que não conseguem levantar voo e morrem nos galhos de sua algoz

Por Bruno Vaiano Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
10 abr 2017, 15h31
  • Seguir materia Seguindo materia
  • “O homem nasce bom e a sociedade o corrompe.” Se a máxima do filósofo francês Jean-Jacques Rousseau é ou não verdade é uma discussão que está além da alçada da SUPER. Mas se o seu negócio for saber das tendências inatas das plantas, e não dos seres humanos, você está no lugar certo. Pois a Pisonia grandis, árvore comum em praias e ilhas do Índico e do Pacífico, não deixa dúvidas sobre seu caráter: ela é má por natureza, e mata pássaros “por diversão”. 

    Publicidade

    Aberturas dramáticas à parte, não, a P. grandis não tem planos de dominar o mundo – ela faz tudo sem querer. Por uma dádiva ambígua da evolução biológica, suas longas sementes, embebidas em um material pegajoso e cobertas de pequenos ganchos, grudam nas penas do trinta-réis-preto (Anous minutus). Em pequenas doses, isso é ótimo: quando o simpático pássaro preto levanta voo, acaba dando carona aos grãos “com velcro” – que se espalham por aí dando origem a novas árvores.

    Publicidade

    Acontece que às vezes a planta pesa na dose de cola – e o minutus fica com tantas sementes Super Bonder acumuladas nas costas que não consegue mais sair do lugar. O animal morre de inanição aos pés da árvore ou em seus galhos, sem disseminar as sementes por aí.

    Que isso é péssimo para o passarinho não há dúvidas, mas que vantagem leva a árvore? O biólogo canadense Alan Burger levantou algumas hipóteses neste artigo científico. Talvez as carcaças mortas funcionem como “barcos”, que flutuam no litoral até que uma semente germine em um ancoradouro distante – uma forma macabra de aumentar a área de abrangência da espécie. Outro bom motivo para a P. grandis matar o trinta-réis-preto seria usar seu corpo em decomposição como adubo para si própria (ou para dar origem a uma nova árvore – não tão distante da original, mas muito bem-nutrida).  

    Publicidade
    Continua após a publicidade

    Nenhuma das explicações, porém, era boa o suficiente. O cocô dos passarinhos vivos, do ponto de vista nutritivo, é melhor para as raízes do que os passarinhos em si. E as sementes não sobrevivem à água salgada por mais de cinco dias, o que também invalida a possibilidade dos barcos-fantasma. A explicação que restou foi a mais óbvia – só é vantagem pegar uma carona com trinta-réis-pretos saudáveis e voadores, e as mortes são só um efeito colateral infeliz e muito, muito frequente. O Washington Post afirma que algumas P. grandis têm tantos pássaros mortos em seus galhos que eles parecem enfeites de Natal.

    Mas não se preocupe: a tendência, com o tempo, é que a evolução biológica ponha rédeas na quantidade de cola – afinal, árvores com mutações que dêem alguma vantagem aos pássaros irão se reproduzir com mais facilidade que as que matam os bichinhos. Você pode ver a árvore serial killer em ação na série de documentários Planet Earth II da BBC, narrada pelo lendário naturalista e jornalista científico britânico David Attenborough.

    Publicidade
    Publicidade
    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Domine o fato. Confie na fonte.

    10 grandes marcas em uma única assinatura digital

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo
    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de R$ 2,00/semana*

    ou
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba Super impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de R$ 12,90/mês

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.