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Conheça o “Blob”, a criatura misteriosa que tem 720 sexos

Ele só tem uma célula, mas consegue aprender, e tem gametas insanos. Entenda o que é esse bicho que intriga a ciência.

Por Maria Clara Rossini
Atualizado em 18 out 2019, 18h54 - Publicado em 18 out 2019, 18h47

O que é que não tem boca nem estômago, mas consegue comer; não tem membros, mas consegue se locomover; e não tem cérebro, mas consegue aprender? A resposta para a charada é provavelmente a criatura mais bizarra que você vai conhecer hoje: o blob.

Esse organismo — que, diga-se de passagem, não é um animal — possui apenas uma célula que contém diversos núcleos contendo DNA. Ele será exibido ao público no Parque Zoológico de Paris pela primeira vez a partir deste final de semana.

 

Seu nome científico é Physarum polycephalum, mas ele ficou famoso pelo nome inspirado no filme fictício The Blob, que mostra uma bolha alienígena que consome tudo que vê pela frente. No filme, os humanos não sabem muito bem o que é aquela criatura — e o mesmo acontece com os cientistas da vida real.

Até 1990, o blob era classificado como um fungo. Seu nome científico significa, literalmente, “bolor de várias cabeças”, mas ele não é exatamente isso. O que intriga os cientistas é que ele tem a estrutura de um fungo, mas se comporta como um animal. “Não sabemos se ele é um animal, um fungo, ou algo entre os dois”, disse o presidente do zoológico de Paris, em nota

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Hoje a criatura é considerada um “bolor limoso” e faz parte do reino protista, “que é onde colocamos tudo que não entendemos completamente”, segundo o pesquisador Chris Reid, que se dedica a estudar esses organismos na Universidade de Sydney.

A espécie já existe há mais de um bilhão de anos, mas foi só em 1970 que uma senhora do Texas encontrou algo em seu quintal que mais se parecia com um catarro. Era o blob. Eles normalmente possuem uma coloração amarela ou esverdeada.

Blob2
(FRANKENSTOEN/Creative Commons)
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Para quem não tem braços nem pernas, o blob consegue se locomover bem. Ele avança cerca de um centímetro por hora e consegue dobrar de tamanho em um dia. Se cortado ao meio, ele também é capaz de se regenerar em dois minutos, tornando quase impossível matá-lo.

Para se reproduzir, ele conta com nada menos do que 720 gametas diferentes — um pouco mais complicado do que os nossos simples espermatozoides e óvulos. Encontrar um parceiro também não é tão fácil. Eles só podem misturar seu material genético se o outro indivíduo tiver um conjunto de genes compatíveis divididos em grupos chamados matA, matB e matC – ou seja matA (de mating type) só se reproduz com matA, matB com matB, etc.

Na natureza, ele normalmente vai atrás de bactérias, esporos de fungos e micróbios para se alimentar. Já em cativeiro, sua comida favorita é mingau. Sim — os cientistas do zoológico o alimentaram com aveia para fazer os blobs crescerem ao máximo possível antes de entrarem em exibição.

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No entanto, o aspecto mais interessante dos blobs é sua capacidade de aprendizagem. Mesmo sem cérebro, estudos já mostraram que eles conseguem encontrar o caminho mais curto dentro de um labirinto, se “lembrar” dos locais pelos quais ele já passou, e ainda transmitir essas informações para outros blobs quando eles se fundem.

Todas essas são estratégias para encontrar comida e evitar substâncias perigosas. O blob deixa um “slime” por onde passa, para deixar claro que ele já comeu o que estava ali e que não é preciso retornar. Ele também consegue aprender a ignorar ambientes nocivos e se “lembrar” disso por até um ano.

Ao contrário do filme que inspirou seu nome, ele é completamente inofensivo para humanos — então pode ficar tranquilo se encontrar algo parecido com um catarro em seu quintal.

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