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Conheça o cientista alemão Alfred Wegener, pai da deriva continental

Na época, a idéia de que os continentes e oceanos pudessem se mexer era considerada estapafúrdia pelos cientistas, mas isso não impediu Wegener de seguir com suas pesquisas.

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h52 - Publicado em 31 ago 2002, 22h00

Alessandro Greco

Gênio de primeira grandeza, o cientista alemão Alfred Wegener (1880-1930) descobriu que todos os continentes do mundo estiveram unidos, há mais de 200 milhões de anos, em somente um supercontinente, chamado por ele de Pangéia (do grego, terra total). Em uma carta de 1910, Wegener descreveu essa idéia para sua futura esposa Else: “A costa leste da América do Sul se encaixa perfeitamente na costa oeste da África, como se um dia tivessem estado juntas”. Dois anos depois, apresentou-a pela primeira vez à comunidade científica, mas recebeu muxoxos de descrença.

Na época, a idéia de que os continentes e oceanos pudessem se mexer era considerada estapafúrdia pelos cientistas, mas isso não impediu Wegener de seguir com suas pesquisas. Em 1915, ele publicou o livro seminal A Origem dos Continentes e Oceanos. Mais uma vez, recebeu um silêncio profundo de seus colegas. Para piorar, Wegener não tinha provas substanciais de suas idéias, apenas boas evidências. Entre elas, as semelhanças entre as costas de alguns continentes, em especial da África com a América do Sul. Os relevos das duas regiões se completam e, apesar de haver um oceano entre elas, foram encontrados em ambas fósseis de animais da mesma espécie e época, bem como plantas parecidas. Os colegas de Wegener não ficaram satisfeitos. Queriam saber qual era a força que havia levado os continentes a se separar. Ninguém tinha a resposta na época e as idéias de Wegener caíram na obscuridade.

Em 1930, Wegener viajou à Groenlândia como líder de uma equipe de cientistas e técnicos para estudar a superfície de gelo e o clima local. Quando soube que parte da sua equipe, acampada no centro da ilha, tinha problemas, Wegener partiu com 14 pessoas em uma expedição para levar mantimentos. Devido às péssimas condições de tempo, 12 delas retornaram ao acampamento depois de alguns dias de viagem – Wegener seguiu com os dois companheiros restantes.

Após viajar 40 dias, com temperaturas de até 54 graus negativos, o cientista cumpriu sua missão. Mas, não se sabe por quê, decidiu iniciar o retorno ao seu acampamento no dia seguinte, negando-se a esperar que o tempo melhorasse. Morreu no meio da viagem, poucos dias depois de completar 50 anos. Seu corpo só foi encontrado seis meses mais tarde, e enterrado em um mausoléu de gelo erguido lá mesmo.

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Nos anos 50, graças em grande parte a imagens da Nasa, os cientistas começaram a conhecer o fundo dos oceanos. Surgiram evidências cada vez mais seguras de que as grandes massas continentais realmente se mexiam: havia pedras novas aparecendo no fundo do mar e elas pareciam empurrar os continentes. Na década de 60, descobriu-se o movimento das placas tectônicas – os blocos flutuantes nos quais a superfície terrestre se apóia. A comprovação levou a uma revolução na área, trazendo grandes avanços para a geofísica e possibilitando a compreensão de fenômenos relacionados ao deslocamento dos continentes. Ficou claro que é a colisão entre duas dessas placas que faz com que enormes massas de pedras se ergam, formando cadeias de montanhas. E que são os raspões entre placas que dão origem a terremotos e a erupções vulcânicas. Wegener, de repente, transformou-se num gênio visionário. Mas não estava mais vivo para comemorar.

 

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