Conheça o sapinho-pulga, o menor anfíbio do mundo
O animal vive no sul da Bahia, é menor que uma unha de dedo mindinho – e corre risco de extinção.
Desde que o mundo é mundo, nosso planeta já foi habitado por seres gigantes, como os dinossauros, os paraceratérios (os maiores mamíferos terrestres de todos os tempos) e a baleia azul (o maior animal que já passou pelo planeta).
Quando o assunto é o inverso, porém, é difícil apontar um vencedor. Mas temos um novo candidato a menor animal vertebrado do mundo: o sapinho-pulga.
A descoberta, publicada na revista Zoologica Scripta, foi feita pelos biólogos Wendy Bolaños, Iuri Ribeiro Dias e Mirco Solé, da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), na Bahia. O sapinho-pulga (Brachycephalus pulex), é um anfíbio minúsculo, endêmico da região, e vive em topos de morro na Reserva Particular do Patrimônio Natural Serra Bonita, em Camacan, e no Parque Nacional Serra das Lontras, em Arataca, ambos localizados no sul do estado.
Analisando os exemplares de 45 indivíduos machos e fêmeas, Bolaños descobriu que os machos não ultrapassavam 6,45 milímetros quando adultos. Claro: existem seres microscópicos muito menores. Mas quando falamos de vertebrados (animais com crânio e coluna vertebral), o recorde pertencia a um sapinho da Papua-Nova Guiné (Paedophryne amauensis), que tem 7,7 mm de tamanho.
Do tamanho de uma unha do dedo mindinho, o sapinho-pulga tornou-se oficialmente o menor anfíbio do planeta.
Apesar do seu diminuto tamanho, os problemas do sapinho são, infelizmente, bem grandes. Uma pesquisa da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), publicada na Nature no ano passado, mostrou que 40% das espécies de anfíbios de todo o planeta estão ameaçadas de extinção.
Os motivos são a devastação do habitat e, claro, o aquecimento global.
“É ótimo que esse sapinho viva em duas áreas de conservação, mas sua vulnerabilidade às mudanças climáticas é preocupante”, explica Mirco Solé, pesquisador da UESC e um dos autores do estudo. “Espécies de baixada podem escapar do aumento de temperatura deslocando-se para áreas de montanha, mas as que habitam os topos de morro não têm para onde ir.”
O sapinho mal foi descoberto e já se sabe que ele corre risco de desaparecer. Para Iuri Ribeiro Dias, professor e pesquisador da UESC, são necessárias medidas de preservação e mitigação dos problemas climáticos para que o animal não suma de vez:
“Infelizmente, na última reavaliação do status de ameaça feita pela União Internacional para a Conservação da Natureza, o sapinho-pulga foi classificado como em perigo de extinção. Está em nossas mãos garantir que ele não desapareça e que as futuras gerações de brasileiros ainda possam se orgulhar de ter o menor anfíbio do mundo vivendo na Bahia.”