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Fóssil desenterrado na China pertence ao maior rinoceronte-girafa já registrado

Os paraceratérios tinham jeitão de anta, pescoço comprido e peso superior ao dos elefantes. A nova espécie pode ser a campeã de tamanho dentre as seis conhecidas.

Por Carolina Fioratti
18 jun 2021, 17h09

Paleontólogos encontraram na China um crânio fossilizado de 26,5 milhões de anos pertencente a um rinoceronte-girafa. Esses animais, também chamados de paraceratérios, são considerados alguns dos maiores mamíferos que já caminharam na Terra. São conhecidas cinco espécies de paracetários, e o fóssil recém-descoberto parece pertencer a uma sexta – inédita, e talvez a maior de todas. 

O nome científico da nova espécie é Paraceratherium linxiaense, em referência ao local em que o vestígio foi encontrado: a Bacia Linxia, localizada na Província de Gansu (China). O local é alvo de pesquisadores que buscam por fósseis de mamíferos desde a década de 1980. O estudo foi publicado no periódico especializado Nature Communications Biology.

O crânio e o maxilar encontrados pelos cientistas estavam completamente preservados. Quando comparada a fósseis de outras espécies já descritas, a estrutura do nariz deste novo Paraceratério é relativamente mais curta – e sua cavidade nasal, mais profunda. Em comparação, a espécie P. bugtiense, encontrada mais ao sul do país, tem um crânio menor e cavidade nasal mais rasa. As feições do novo animal se assemelham bastante às do rinoceronte-girafa P. lepidum, encontrado no Cazaquistão e em outras regiões do noroeste da China.

Apesar das diferenças entre as espécies citadas, todas guardam alguns pontos em comum. Primeiro, o pescoço longo, que permitia a esses animais se alimentar em árvores com até sete metros de altura. Além disso, ao contrário dos rinocerontes modernos, nenhum desses gigantes ancestrais tinha chifres. Na verdade, as reconstituições artísticas do paraceratério lembram mais grandes antas pescoçudas do que rinocerontes. 

Os cientistas não sabem dizer com exatidão o peso e tamanho dos paracetários, mas fazem aproximações a partir da análise de seus fósseis. Eles supõem que o rinoceronte pode ter alcançado  4,8 m de altura, da base dos pés até os ombros – um tamanho comparável ao das girafas. Além disso, acredita-se que o novo paraceratério pesasse até 21 toneladas, o equivalente a quatro elefantes africanos.  

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A descoberta não para por aí. Os pesquisadores puderam traçar os territórios que estes animais costumavam ocupar com base na localização dos fósseis já coletados. Eles sugerem que os rinocerontes surgiram no Planalto da Mongólia, se espalharam pelo noroeste da China e do Cazaquistão e depois desceram rumo ao subcontinente indiano-paquistanês. Para se espalhar por esse último trecho, os paraceratérios provavelmente tiveram que passar pelo Tibete – o que sugere que a região de planalto atual pode ter sido, no passado, uma região plana de florestas e campos abertos.

Os paraceratérios se adaptaram por seleção natural a cada um destes ambientes, o que levou a uma ramificação de várias espécies durante o período Oligoceno, entre 34 e 23 milhões de anos atrás. Os rinocerontes-girafa habitaram a Terra durante 11 milhões de anos, e ainda não se sabe o que os levou à extinção. 

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