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Curiosity captura imagem do pôr-do-sol em Marte. Veja por que isso é importante

Essa não foi parar nos stories do Instagram. Os cientistas usaram o registro para desvendar a atmosfera do planeta vizinho.

Por Leo Caparroz
Atualizado em 14 mar 2023, 18h55 - Publicado em 14 mar 2023, 18h50

No começo do mês passado, o rover Curiosity, da Nasa, tirou uma foto do que seria um pôr-do-sol marciano. Ao contrário da nossa versão terrestre com luzes avermelhadas, no planeta vermelho o pôr-do-sol é azul (irônico, não?)

A foto faz parte de um trabalho, iniciado em 2021, em que o Curiosity ajuda a estudar nuvens noctilucentes, um fenômeno meteorológico raro em que as nuvens parecem brilhar na atmosfera marciana.

Tecnicamente conhecidos como raios crepusculares, esta é a primeira vez que o fenômeno foi fotografado de forma tão detalhada em Marte. Estudando a forma como os raios brilham através das nuvens, os cientistas podem aprender mais sobre como a atmosfera marciana e o sistema meteorológico do planeta funcionam.

A atmosfera de Marte é extremamente fina e rarefeita, com apenas 1% da densidade da atmosfera da Terra. Por causa disso, não é comum observar nuvens vagando pelo céu marciano. A presença de nuvens também varia ao longo das estações. E as que de fato são visíveis não se parecem com as nossas: enquanto na Terra elas são feitas de água líquida, a baixa pressão de Marte significa faz com que elas se formem a partir de gelo ou dióxido de carbono congelado – o famoso gelo seco.

Nuvens em Marte não costumam passar dos 60 quilômetros de altura. Mas novas imagens do Curiosity mostram nuvens em altitude elevada – o que, segundo a agência, sugere que elas são feitas de gelo seco ao invés de água congelada. 

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Outra imagem capturada pelo Curiosity mostra outro evento curioso, chamado iridescência. Também raro, o fenômeno de difração é causado por pequenos cristais de gelo que espalham a luz individualmente, dando a impressão de que a nuvem está colorida. No caso marciano, as diferentes cores vistas dentro da nuvem podem revelar informações sobre as partículas que a compõem.

Foto de uma nuvem em forma de pena.
(NASA/JPL-Caltech/MSSS/Divulgação)

“A iridescência significa que os tamanhos das partículas em cada parte de uma nuvem são idênticos aos de seus vizinhos”, afirma Mark Lemmon, cientista atmosférico. “As transições de cores significam que o tamanho das partículas na nuvem está mudando. Isso nos diz sobre a forma como a nuvem está evoluindo e como suas partículas estão mudando de tamanho ao longo do tempo”.

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Tiradas pelo instrumento Mastcam do Curiosity, capaz de capturar cores, as imagens são formadas a partir de 28 fotos individuais. A pesquisa do Curiosity sobre nuvens crepusculares, que fazem parte de um estudo mais abrangente, foi iniciada em janeiro e continuará por mais algumas semanas, até o fim de março.

É a primeira vez que esses chamados raios crepusculares são avistados com tamanha clareza em solo marciano. Contudo, não é a primeira vez que um pôr-do-sol é clicado no planeta; em 2015, o Curiosity gravou o primeiro pôr-do-sol colorido de Marte. Na ocasião, cientistas explicaram o motivo dele ter essa cor – é praticamente o inverso do que acontece aqui na Terra

Partículas finas no ar marciano permitem que a luz azul penetre na atmosfera com mais eficiência do que as outras cores. Quando a luz branca chega, os tons azuis ficam na região próxima ao Sol no céu, ao contrário dos amarelos e vermelhos, que se dispersam mais. O efeito é mais forte na hora que o Sol se põe, e a luz precisa passar por um caminho mais longo na atmosfera.

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