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Denise Fungaro extrai sílica, componente do vidro, das cinzas da queima de cana

A #MulherCientista dessa semana é uma química acostumada a tirar leite de pedra: transforma resíduos aparentemente inutilizáveis em matéria-prima com valor agregado.

Por Maria Clara Rossini
Atualizado em 13 dez 2020, 09h11 - Publicado em 12 dez 2020, 09h20

O Brasil é o país que mais produz cana-de-açúcar no mundo. O açúcar vira majoritariamente etanol, e o bagaço é queimado em termelétricas para produzir energia elétrica. O problema são as cinzas que sobram após a combustão.

É aí que Denise Fungaro atua. A química é pesquisadora do Centro de Química e Meio Ambiente do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN). Ela desenvolveu um método para transformar as cinzas da cana-de-açúcar em dióxido de silício, mais conhecido como sílica.

A pesquisadora faz a caracterização do resíduo e propõe tratamentos – físicos, químicos ou biológicos – para transformar aqueles restos carbonizados nessa matéria-prima importante: a sílica é o principal componente da areia (e, por tabela, do vidro).

O vidro comum de lâmpadas e janelas é feito misturando-se a sílica com cal e carbonato de cálcio. A adição de óxido de boro torna o vidro resistente a choques térmicos e altas temperaturas, é graças a essa mistura que existe o célebre pirex, que pode ir ao forno.

As nanopartículas de sílica que Denise extrai das cinzas têm outras aplicações: baterias de íons de lítio, células de combustível etc.

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As cinzas do bagaço apresentam pelo menos 60% de dióxido de silício em massa. A química avaliou diferentes condições experimentais que deveriam ser aplicadas para otimizar o processo e extrair a sílica com pelo menos 90% de pureza. 

Denise recebeu um prêmio da Associação Brasileira da Indústria Química (Abquim) pela pesquisa sobre o aproveitamento das cinzas provenientes da queima do bagaço da cana. Mas sua linha de pesquisa pode englobar qualquer tipo de resíduo. 

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Em outro projeto de pesquisa, as cinzas geradas na combustão do carvão foram aproveitadas para produzir zeólita. A zeólita é um material adsorvente que pode ser usado para remover poluentes da água ou até o CO2 do ar. Trata-se de uma alternativa sustentável para a própria usina termelétrica que gera as cinzas.

Seu terceiro campo de estudo é o aproveitamento dos resíduos das empresas terciárias de reciclagem de latinhas de refrigerante e cerveja. O alumínio também precisa ser utilizado para a produção da zeólita. Em vez de incorporar um material adquirido comercialmente, é possível reutilizar o que a indústria já rejeita.

Denise Fungaro ainda faz parte do grupo de estudos em saúde planetária do Instituto de Estudos Avançados da USP. A equipe é composta por uma série de pesquisadores brasileiros que trabalham em temas voltados à sustentabilidade. No âmbito social, a pesquisadora faz parte de grupos que debatem a questão das mulheres negras na ciência.

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