Assine SUPER por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Descoberta espécie de rato que é imune à ardência do wasabi

Segundo cientistas, entender como funciona o mecanismo de dor nos roedores pode servir à criação de analgésicos mais potentes.

Por Guilherme Eler
Atualizado em 3 jun 2019, 18h24 - Publicado em 3 jun 2019, 18h24
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Wasabi, mostarda escura e rabanete cru são ingredientes que estão longe de serem consensos culinários. Afinal, precisam ser usados de forma sutil para proporcionar uma experiência agradável: basta exagerar um pouquinho na dose para provocar uma careta – acompanhada de uma sensação de picância que faz o olho lacrimejar e a boca adormecer. Isso acontece devido à ação do isotiocianato de alila, composto químico encontrado nesses alimentos e responsável pela ardência.

    Publicidade

    Não são apenas os humanos que sentem desconforto ao exagerar na quantidade de raiz forte. Estudos científicos provaram que isso vale também para aranhas, moscas e ratos de laboratório. Uma espécie, porém, faz inveja a esse grupo. Trata-se do rato toupeira-highveld, roedor nativo da África do Sul para quem o isotiocianato de alila não provoca efeito algum.

    Publicidade

    Você, leitor da SUPER, talvez se lembre da aura de bizarrice que envolve a espécie dos ratos-toupeira pelados (Cryptomys hottentotus pretoriae) – os primos carecas (e mais feiosos) dos highveld, que você pode ver abaixo.

    (belizar73/Getty Images)

    Capazes de usar frutose, uma reserva de energia característica das plantas, os toupeira-pelados podem viver até 18 minutos sem ar. Além disso, estudos anteriores comprovaram sua estranha habilidade de nunca contrair câncer e serem imunes à dor causada por ácidos.

    Graças ao trabalho de um grupo internacional de pesquisadores, publicado recentemente na revista Science, é possível adicionar mais um item à lista de super poderes à família dos ratos-toupeira.

    Continua após a publicidade

    Qual era o experimento

    Além do isotiocianato de alila, a substância do wasabi e mostarda, cientistas testaram como oito espécies de ratos-toupeira reagiam a outros dois compostos: capsaicina (componente das pimentas que causa ardor) e ácido clorídrico. Eles receberam injeções subcutâneas dos três compostos. Quatro das espécies sentiram dor com as três substâncias. Três delas ficaram imunes à ação do ácido clorídrico e duas, da capsaicina.

    Publicidade

    Ratos convencionais, como descreve o site Gizmodo, tinham um comportamento diferente, ficando claramente desconfortáveis. Após receberem injeções ardidas, lambiam e balançavam as patas por cerca de cinco minutos.

    Apenas uma das espécies, a dos rato-toupeira highveld, permaneceu totalmente inerte durante todo o experimento – independentemente da substância que recebiam na pata. Como se nada tivesse acontecido, as cobaias permaneciam cheirando, cavando e explorando o ambiente.

    Publicidade

    De acordo com os pesquisadores, a explicação para a blindagem natural dos ratos-toupeira highveld em relação à ardência está na genética. Ao longo de milhões de anos, eles teriam incorporado em seu DNA um gene que “bloqueia” o canal que faz os ratos sentirem a dor causada por essas substâncias.

    Isso foi comprovado por cientistas na prática. Quando os pesquisadores usavam drogas para impedir o mecanismo genético que serve de escudo para substâncias ardidas, eles passavam a sentir a dor causada pela picância, assim como acontecia com seus primos.

    Publicidade

    A hipótese principal é que essa resistência foi incorporada como resposta à convivência com um vizinho nada amistoso. A picada de uma formiga conhecida como “droptail Natal” (Myrmicaria natalensis), que vive nos buracos que ratos-toupeira highveld chamam de casa, teria um efeito parecido com a injeção ardida aplicada por cientistas. É nada além de uma resposta evolutiva: ratos que não sentem a dor da convivência com as formigas tendem a ter mais sucesso reprodutivo – perpetuando a imunidade a ardência ao longo das gerações.

    Cientistas esperam que o domínio do mecanismo que desliga a dor, encontrado nos ratinhos, possa criar soluções para o combate de dores em humanos. A criação de analgésicos mais potentes, que saibam atacar o mecanismo certo do cérebro responsável por aquele tipo de dor, pode ser especialmente útil no tratamento de dores crônicas – sinais persistentes que podem afetar o sistema nervoso de uma pessoa por longos períodos. Uma sensação que os ratos-toupeira highveld dificilmente sentiriam, claro – mesmo comendo ração apimentada por anos à fio.

    Publicidade
    Publicidade
    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Domine o fato. Confie na fonte.

    10 grandes marcas em uma única assinatura digital

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo
    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de R$ 2,00/semana*

    ou
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba Super impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de R$ 12,90/mês

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.