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Descobriram como os mosquitos fazem para fugir das chineladas

A ciência explica como esses insetos conseguem escapar ilesos após sugarem nosso sangue. A chave para a fuga está na sua dinâmica de voo

Por Guilherme Eler
Atualizado em 25 out 2017, 18h48 - Publicado em 25 out 2017, 18h32

O zumbido irritante é suficiente para nos deixar com o alerta ligado. Mas, na maioria das vezes, costuma ser tarde demais: o incômodo mosquito, bem antes de percebermos, já pousou na nossa pele e coletou parte de sua refeição sanguínea diária. Depois de ficar duas ou até três vezes mais pesado que no início da ceia, o inseto precisa só dar um jeito de zarpar de sua boca-livre. Sair sorrateiramente é essencial para evitar a possível represália normalmente, um tapa certeiro que põe fim à sua carreira como chupador de sangue.

A destreza com que eles driblam essa vingança é o que mais impressiona. Nossa mão é dezenas de vezes maior que seu corpo, o que, pelo menos em teoria, nos permitiria detê-los facilmente. O que exatamente torna possível que eles voem entre nossos dedos e prolonguem sua fuga? De tão intrigante, a questão virou tema de um estudo científico, publicado no Journal of Experimental Biology.

Utilizando câmeras ultra potentes, capazes de registrar 125 mil imagens por segundo, um grupo internacional de pesquisadores conseguiu chegar à resposta. Para captar o melhor ângulo, eles fotografaram 600 indivíduos da espécie Anopheles coluzzii, um dos vetores da malária. Além da sessão fotográfica, os cientistas produziram também 63 vídeos. 32 deles eram estrelados por mosquitos que tinham acabado de se alimentar de sangue e o restante por insetos que estavam em jejum. Todo esse material permitiu a eles identificar a maneira pouco usual de voar desses insetos — incrivelmente eficiente para escapar de saias justas como essa.

Antes de ganhar altura, os mosquitos batem as asas freneticamente por 30 milissegundos, como se estivessem aquecendo seus motores. A técnica funciona diferente para as moscas, por exemplo, que saltam primeiro e depois batem suas asas como se não houvesse amanhã. Pode parecer um movimento insiginificante, mas é fundamental para o processo: segundo os pesquisadores, esse bater estático de asas é que garante 60% da energia necessária para a decolagem.

Depois disso, os A. colluzi pulam no ar, sempre com as asas à todo vapor, batendo incríveis 800 vezes por segundo. A efeito de comparação, outros insetos de tamanho similar são quatro vezes menos rápidos, movimentando suas asas 200 vezes no mesmo intervalo.

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Para diminuir o gasto de energia no processo — é bom lembrar que eles estão super pesados por conta do sangue — esses bichos apostam na força de suas pernas, finas e compridas. “Os mosquitos contam com pernas muito longas, que podem contrair e estender”, explicou Florian Muijres, um dos autores do estudo, em entrevista à Popular Science. “Eles conseguem distribuir as forças nas pernas por um período maior”. Isso permite que o impulso inicial que os mosquitos aplicam em nossa pele seja menor que o usado por outros insetos. Poupar essa pequena quantidade de energia pode ser a diferença entre sair ileso e acabar amassado em um chinelo de borracha qualquer.

“Ao invés de saírem voando desesperados, os mosquitos escolhem agir no momento certo. Acelerando durante todo o percurso, eles podem atingir uma velocidade final muito maior que a das moscas, por exemplo”, diz Muijres. Está explicado o motivo de conseguirmos deter uma mosca muito mais facilmente que um pernilongo. Agora, se toda essa divagação teórica mudou sua opinião sobre os chupadores de sangue, aí já é outra história.

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