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Diamante gigante é encontrado em Botsuana. Por que essas pedras são tão raras?

Pesando meio quilo, é o segundo maior diamante da história. Entenda ciência por trás do brilhante – e por que eles são tão caros.

Por Manuela Mourão
29 ago 2024, 19h00

Um diamante de 2.492 quilates – meio quilo – foi encontrado em uma mina na cidade de Karowe, próxima à capital de Botsuana. A descoberta é a segunda maior já registrada na história. A estimativa é de que a pedra possa chegar a custar 40 milhões de dólares.  

Na história, apenas o Diamante Cullinan, descoberto em 1905 na África do Sul, é maior – 3.106 quilates. Esse gigante foi separado em várias joias, algumas das quais estão sob posse da Coroa britânica.

O novo brilhante coloca Botsuana ainda mais em destaque no cenário de extração de diamantes, visto que o país já é responsável por cerca de 20% da escavação global dessas pedras. A mina na qual o diamante foi encontrado pertence a empresa canadense Lucara Diamond.

Mas por que o diamante é tão especial? Para responder essa pergunta, precisamos entender todo o processo pelo qual esses minerais passam antes de serem comercializados.

Como se formam os diamantes?

Você já deve ter ouvido falar que diamantes são basicamente carvão. É quase verdade: ambos compartilham a mesma composição básica, o carbono. No entanto, as semelhanças param por aí. Então o que torna uma pedra milionária e outra comum?

Os diamantes são criados a partir de pressões extremas, a cerca de 140 km abaixo da superfície terrestre, em uma zona onde o calor e a pressão moldam o carbono em uma das substâncias mais valiosas conhecidas pela humanidade.

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Estudos recentes sugerem que é possível que exista até 1 quatrilhão de toneladas de diamantes escondidos nas profundezas do planeta, tão fundo que é impossível penetrar com os equipamentos atuais. Impossível mesmo: estão a mais de 100 km abaixo de nós, enquanto as minas mais profundas do mundo não ultrapassam os 4 km. Por isso, a quantidade de reservas estimadas em lugares mineráveis soma cerca de 260 toneladas, apenas.

Já o carvão é formado a partir de mudanças físicas e químicas da decomposição da vegetação, em um tempo bem mais rápido do que os diamantes – que podem demorar milhões ou até mesmo milhares de milhões de anos para se formarem. 

Hoje, a ciência já permite a possibilidade de criar diamantes em laboratório, por meio da injeção de gases de carbono e hidrogênio em um reator que simula as condições da natureza. Eles possuem a mesma pureza, dureza e beleza que os naturais, divergindo apenas no fator raridade, mas nem por isso deixam de ser caros – são apenas menos caros que os naturais.

O valor dos diamantes: por que são tão caros?

O preço de um diamante é influenciado por vários fatores: quilate (peso), cor, pureza e lapidação. Diamantes impecáveis, sem nenhuma imperfeição, são extremamente raros e, portanto, valem fortunas. Por exemplo, enquanto 0,2 quilate está cotado na faixa de 5 mil reais, 1 quilate pode custar a partir de 70 mil reais. 

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Além disso, o processo de extração e lapidação é complexo e custoso, o que contribui para elevar ainda mais o seu valor. 

Ainda é possível encontrar trabalhadores nas beiras dos rios peneirando cascalhos, torcendo por um pouquinho de sorte, mas na maioria dos casos, a escavação é feita por máquinas gigantescas, com tecnologias de raio x para identificar as pedras. De qualquer maneira, o processo de remoção é extremamente caro, principalmente nesses locais que utilizam aparelhos sofisticados.

A lapidação também é um caso à parte. Moldar um diamante é uma arte que poucos dominam perfeitamente: “Se você lapidar de qualquer jeito, não brilha. Você tem que conciliar o respeito à física ótica com o aproveitamento de valor, então você acaba fazendo mais de uma pedra”, explicou Daniel Berringer, professor e sócio honorário do IBGM (Instituto Brasileiro de Gemas & Metais Preciosos), para o portal g1.

O processo de lapidação de um diamante pode variar significativamente em duração, indo de algumas horas até mais de um ano. O fato de que o número de lapidários qualificados para realizar o delicado processo é bastante limitado também não ajuda no barateamento da pedra. 

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Em situações em que os diamantes são muito grandes, é comum transformá-los em várias peças, para evitar alguma fratura ou o contato com outro mineral. Como o diamante da África do Sul, que foi convertido em joias para a coroa britânica e, provavelmente, será esse o destino que o diamante de Botsuana terá. 

Além de sua beleza estonteante, os diamantes são também incrivelmente duros, classificados com a nota máxima de 10 na escala de Mohs, o que significa que são praticamente indestrutíveis. Por isso, além de enfeitar acessórios, eles têm um papel crucial em algumas indústrias, sendo usados em ferramentas de corte, perfuração e polimento. 

Outros fatores que encarecem essas pedras são sua acessibilidade e seu caráter único. Comparado com as reservas de ouro, as de diamantes são pouquíssimas – só há 260 toneladas, contra 57 mil do ouro. E se levarmos em consideração que não existem diamantes iguais, o preço exponencial começa a fazer mais sentido.

Diamantes no Brasil?

Embora o Brasil não seja tão conhecido quanto o continente africano pela produção de diamantes, o país também possui suas próprias riquezas. A Mina Braúna, localizada na Bahia, é a maior mina de diamantes da América Latina. Além dela, garimpeiros ainda encontram diamantes em estados como Minas Gerais, Goiás, Pará e Roraima.

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