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Doença semelhante à leishmaniose é descoberta em Sergipe

Novo parasita já infectou pelo menos 150 pessoas no estado. E o pior: ele não é controlado por tratamentos convencionais.

Por Maria Clara Rossini
1 out 2019, 17h56

Cientistas brasileiros identificaram uma nova espécie de parasita no nordeste do país, mais precisamente no estado de Sergipe. O protozoário causa os mesmos sintomas da leishmaniose — a diferença é que ele é imune a qualquer tratamento conhecido. A pesquisa foi publicada na última segunda-feira (30) na revista científica Emerging Infectious Diseases.

O parasita apareceu primeiro em pacientes do Hospital Universitário de Sergipe, em Aracaju. Até agora, suspeita-se que ele seja responsável por pelo menos duas mortes e 150 casos de infecções graves.

Antes de falar sobre a variedade recém-descoberta, vale lembrar primeiro o que é a leishmaniose. A doença é causada por mais de 20 espécies diferentes de protozoários do gênero Leishmania. Ela pode provocar úlceras na pele e mucosas (leishmaniose cutânea), ou atingir órgãos internos, causando o aumento do baço, febre e anemia (leishmaniose visceral).

A nova doença apresenta os mesmos sintomas da leishmaniose visceral. Mas, apesar das semelhanças, a pesquisa revelou que o novo parasita não pertence ao gênero Leishmania. Ele está mais próximo geneticamente do Crithidia fasciculata, um outro tipo de protozoário que não é capaz de infectar mamíferos. Por causa do local onde deu às caras pela primeira vez, a espécie foi batizada com o nome Cridia sergipensis.

Apesar de ser uma descoberta recente, o primeiro caso registrado da doença ocorreu em 2011. Um homem de 64 anos foi internado no mesmo Hospital Universitário de Sergipe com um quadro clássico de leishmaniose visceral. Ele recebeu o tratamento adequado e parecia apresentar melhora, até voltar a passar mal quatro meses depois.  De volta ao hospital, foi novamente medicado – mesmo assim, voltou a ter recaídas após oito meses.

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O paciente faleceu logo em seguida. Para estudar o parasita responsável pelo óbito, os cientistas recolheram amostras do baço e da medula óssea da vítima, que continham células de defesa repletas de protozoários do tipo.

Os cientistas, então, sequenciaram o genoma do parasita e compararam com os protozoários causadores da leishmaniose. Além de descobrir que se tratava de uma espécie nova, o grupo percebeu que ela pode infectar tanto órgãos internos quanto a pele. Em testes realizados com camundongos, o Cridia sergipensis se mostrou, inclusive, mais agressivo à pele do que os protozoários causadores da leishmaniose.

Próximos passos

Em entrevista à Agência FAPESP, a pesquisadora Sandra Maruyama, que participou da identificação da nova espécie, disse que o sequenciamento do genoma do parasita pode permitir que se crie um teste clínico para diagnosticá-lo em pacientes.

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Para além do diagnóstico, ainda é preciso desenvolver fármacos eficientes para matar o novo protozoário, já que ele não responde aos métodos conhecidos. Daqui pra frente, o foco da pesquisa será trabalhar em alternativas para o tratamento e entender como ele é transmitido a humanos.

Também é possível que o parasita atue em conjunto com os protozoários da leishmaniose, contribuindo para agravar o quadro. A hipótese explicaria uma disparidade evidente no estado do Sergipe: em 2016, a taxa de mortalidade por leishmaniose visceral foi de 15%, enquanto o esperado seria de apenas 6%.

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