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Água-viva cria mecanismo para driblar a morte

É possível viver para sempre — e isso preocupa os cientistas

Por Marcos Ricardo dos Santos
Atualizado em 5 jun 2018, 17h42 - Publicado em 5 fev 2011, 22h00

Geralmente, as águas-vivas não vivem mais de 6 meses. Mas uma delas, a Turritopsis dohrnii, conseguiu driblar esse destino — e, de quebra, revolucionar os conceitos de vida e morte. Ela tem a capacidade de rejuvenescer indefinidamente as próprias células, ou seja, é essencialmente imortal. Não pode morrer de causas naturais; sua única possibilidade de deixar este mundo é ser comida por algum predador. A imortalidade do bicho foi descoberta pela bióloga italiana Maria Pia Miglietta, que trabalha na Universidade da Pensilvânia e viajou o mundo todo para estudar a supercriatura.

O corpo das águas-vivas assume vários formatos durante a vida. Mas a Turritopsis dohrnii consegue fazer esse processo andar ao contrário, como se fosse uma borboleta que volta ao estágio de larva. O rejuvenescimento ocorre depois que o animal se reproduz e também em momentos de crise, se ele está ferido ou sem alimento. Uma verdadeira mágica evolutiva.

O animal, que já foi encontrado na Flórida, na Itália, na Espanha, no Panamá e no Japão, se espalha pegando carona na água que os navios usam como lastro. Sem saber, eles coletam água cheia de Turritopsis e ao chegar a seu destino, em outra parte do planeta, descarregam tudo no oceano — onde o bicho imortal começa a se reproduzir. Ninguém sabe o tamanho da população de Turritopsis dohrnii, e isso está preocupando os cientistas. “É uma invasão mundial sem precedentes”, afirma o biólogo John Darling, da Agência Americana de Proteção Ambiental.

O medo dos especialistas é que a Turritopsis possa se multiplicar demais e desequilibrar os ecossistemas do planeta, levando à extinção de outras espécies. Mas ela também pode trazer o bem: biólogos italianos acreditam que decifrar os mecanismos de rejuvenescimento desse animal possa levar a uma cura para o câncer. É esperar para ver — como boa highlander, a água-viva não tem nenhuma pressa.

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Como a Turritopsis consegue se perpetuar

1. Envelhecer
A vida das águas-vivas tem 3 fases: larva, pólipo e medusa (quando adquirem sua aparência mais conhecida). Ao chegar à fase medusa, esses animais estão prontos para se reproduzir — e morrer logo depois.

2. Regredir
Usando um mecanismo que a ciência ainda não sabe explicar, a Turritopsis consegue voltar do formato de medusa para o de larva. Suas células perdem as funções específicas e regridem a um estágio primitivo.

3. Recomeçar
O animal começa a se desenvolver novamente, como se tivesse acabado de nascer. As células vão se diferenciando e assumindo funções especializadas (digestão, reprodução etc.). O processo pode ser repetido indefinidamente.

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