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As 5 mortes mais estúpidas da Antiguidade

Pancada de tartaruga na cabeça. Afogamento em roupas. Suicídio em vulcão. As personalidades sabiam sair da vida e entrar para a história em grande estilo

Por Bruno Vaiano Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 18 mar 2021, 17h04 - Publicado em 18 Maio 2018, 18h47

1. Ésquilo

Na extensa obra História Natural, o naturalista romano Plínio, o Velho, conta sua versão da história da morte do dramaturgo Ésquilo, em 456 a.C. O resumo vai assim: uma águia (outras fontes falam em um abutre-barbudo) capturou uma tartaruga e buscava uma forma de quebrar o casco para comer a carne. O pássaro optou por soltar o réptil lá do alto em cima de uma rígida pedra, para que a carapaça se quebrasse com o choque. Acontece que a tal pedra era só a careca lisinha e reluzente de Ésquilo, que não resistiu à pancada. O momento surreal tem um toque de ironia: Ésquilo estava passeando ao ar livre justamente porque havia ouvido, em uma profecia, que o teto de uma casa cairia em sua cabeça – e apostou que, do lado de fora, escaparia do destino trágico. Moral da história? Nunca tente passar a perna no oráculo.

2. Candaules

Heródoto, hoje considerado o “pai da História”, revela a morte nada trivial de Candaules, rei da Lídia entre 735 a.C. e 718 a.C. Candaules tinha certeza de que sua esposa era a mulher mais bela de todas. Certo dia, então, chamou seu criado mais fiel e disse: “penso, Giges, que não crês nas minhas palavras a respeito de minha mulher. Age então de maneira a vê-la nua”. Sem opção – afinal, ordem do rei é ordem do rei –, o súdito se esconde atrás da porta do quarto para vê-la se despindo e cumprir a vontade do amo.

Não deu outra. Ela percebeu a presença de Giges e encostou o empregado na parede. Só havia uma maneira de resolver a desonra: Giges precisava matar Candaules e assumir o trono (ou então cometer suicídio – o que interessava é que apenas um homem vivo a tivesse visto nua). Giges, nada bobo, deu fim no rei, tomou o poder e casou com a viúva.

3. Empédocles

O filósofo pré-socrático Empédocles tinha delírios de grandeza. De acordo com o biógrafo Diógenes Laércio, pulou na boca do vulcão Etna, na Sicília, na esperança de se tornar um Deus (também há quem afirme que ele, pessoalmente, não tinha a ilusão de se tornar imortal – só queria dar um golpe e fazer a população acreditar nisso). De outras versões da lenda consta que o vulcão, malandramente, cuspiu de volta uma das sandálias, revelando a farsa aos presentes. Em sua homenagem, um imenso vulcão submarino na costa da Sicília em foi batizado de “Empédocles” em 2006.

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4. Draco

O cruel legislador Draco (autor da primeira constituição escrita de Atenas, célebre por prever pena de morte para quase tudo) supostamente morreu em 620 a.C. por excesso de carinho. Durante uma visita a um teatro da ilha de Egina, no litoral da Grécia, foi recebido por seus apoiadores com uma revoada de chapéus, capas e outros itens de vestimenta – uma típica demonstração de respeito, equivalente a uma prolongada salva de palmas. Foi tanto tecido que ele não conseguiu se desvencilhar e morreu sufocado. A história consta na Suda – uma espécie de enciclopédia primitiva com 30 mil verbetes que foi compilada no Império Bizantino a partir do século 5 d.C.

5. Qin Shi Huang

Por último, mas não menos importante, um representante oriental na lista. O imperador chinês Qin Shi Huang, que reinou entre 247 d.C. e 220 d.C., foi um estadista célebre, primeiro líder da China unificada. No final da vida, porém, caducou, e com medo da morte, largou tudo para buscar o elixir da vida eterna. Contratou uma equipe de médicos e alquimistas particulares, que após muitas discussões e experimentos, concluíram que a receita ideal para a imortalidade eram pílulas de mercúrio. Não deu outra. Tomou, morreu. Em uma nota curiosa, o envenenamento por compostos alquímicos supostamente benéficos era tão comum na China dessa época que tem até o próprio artigo na WIkipedia.

Antes da despedida, uma nota importante. Essas histórias, em geral, têm como fonte textos de autores da mesma época. Ou seja: nada garante que sejam verdadeiras – são apenas os únicos registros que chegaram aos pesquisadores e acadêmicos contemporâneos.

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