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Eficácia da Coronavac pode chegar a 62,3% com maior intervalo entre as doses, sugere estudo

A nova pesquisa do Instituto Butantan se refere à eficácia geral, para qualquer tipo de caso. A eficácia para casos moderados e graves, com o regime atual, já é de 78%

Por Maria Clara Rossini
13 abr 2021, 14h31

O Instituto Butantan divulgou os resultados de um estudo clínico que testou diferentes regimes de aplicação da vacina Coronavac. A pesquisa indica que a eficácia global do imunizante chega a 62,3% caso o intervalo entre a primeira e a segunda dose seja igual ou superior a 21 dias. Atualmente, a vacina está sendo aplicada com um intervalo de 14 a 28 dias entre as doses.

Em janeiro de 2021, a Coronavac foi aprovada para uso emergencial no Brasil após a divulgação dos resultados do estudo de fase 3. Com duas semanas entre a primeira e a segunda dose, a vacina apresentou 50,38% de eficácia para casos leves, 77,96% para casos que necessitam de hospitalização, e 100% de eficácia em evitar mortes.

O novo estudo avaliou o regime de 14 a 20 dias, ou de 21 a 28 dias. O teste foi randomizado, duplo-cego, com grupo placebo, e contou com 12.396 voluntários de 16 centros de saúde do país. Efetivamente, apenas 9.823 pessoas tomaram as duas doses, pois algumas violaram os protocolos do estudo ou desistiram de participar, entre outros motivos. O teste ocorreu entre os dias 21 de julho e 16 de dezembro de 2020.

Os resultados de eficácia com o intervalo de 14 a 20 dias foram ligeiramente maiores em comparação com estudo preliminar de janeiro: 50,7% para casos leves, 83,7% para casos moderados e 100% para casos graves. Nenhum participante morreu de covid-19 durante o estudo. O artigo foi submetido ao periódico The Lancet e ainda não passou pela revisão de outros cientistas.

A maior parte dos voluntários foi submetida ao primeiro regime, mas um subgrupo de 1.491 voluntários esperou entre 21 e 28 dias para tomar a segunda dose. Metade recebeu a vacina, e metade recebeu o placebo. Foram registrados 19 casos no grupo placebo, e 8 casos no grupo que tomou a vacina – uma redução de 62,3% no total de infecções pelo coronavírus. O artigo não especifica quantos desses voluntários evoluíram para casos leves, moderados ou graves.

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Em um estudo publicado em fevereiro deste ano na The Lancet, a vacina de Oxford também se mostrou mais eficaz com um intervalo maior entre as doses. Países como Reino Unido e Brasil já haviam aumentado o intervalo de aplicação do imunizante. Hoje, ele está sendo administrado com um intervalo de 12 semanas (três meses) entre as doses.

É possível que não haja mudanças drásticas no regime de aplicação da Coronavac. No estado de São Paulo, a segunda dose da vacina deve ser aplicada entre 14 e 28 dias após a primeira. Cada cidade pode adotar diferentes recomendações e prazos, desde que estejam nesse período. Na capital paulista, por exemplo, a recomendação é de 21 dias.

A pesquisa ainda avaliou, in vitro, as respostas geradas por alguns voluntários vacinados. Como já havia sido mostrado em outros estudos, os anticorpos gerados pela Coronavac foram eficazes em neutralizar as variantes do Sars-Cov-2, como a P.1 e a P.2.

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