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Einstein acerta até quando erra

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h54 - Publicado em 31 Maio 1998, 22h00

João Steiner

Ele imaginou uma força da qual depois se arrependeu por achar que só existia na sua cabeça. Mas há indícios de que ela é real.

Em 1687, o físico inglês Isaac Newton formulou a lei da gravitação universal e com ela, pela primeira vez, foi capaz de explicar por que os objetos ou os animais e qualquer outra coisa são, todos, puxados na direção do centro da Terra. Explicou também por que a Lua gira em torno do nosso planeta e por que este gira em volta do Sol.

No começo deste século, o alemão Albert Einstein alterou da lei da gravidade de Newton. Observou, então, corretamente, que a atração universal tendia a fazer as galáxias caírem umas sobre as outras. Então, como isso certamente não estava acontecendo, imaginou que o Cosmo deveria conter uma espécie de força de repulsão cujo papel seria afastar as galáxias entre si, compensando a atração gravitacional. Em suma, algum tipo de antigravidade.

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Einstein deu a essa força extra o nome de “constante cosmológica” e acrescentou-a às equações que, daí para a frente, passaram a descrever o funcionamento da gravidade em lugar da antiga lei de Newton. Foi esse conjunto de fórmulas matemáticas que ficou conhecido como a Teoria da Relatividade Geral.

Passaram-se dez anos, veio a década de 20 e o americano Edwin Hubble demonstrou que o Universo, na verdade, está em expansão. Ou seja, as galáxias estão se afastando uma das outras, e não há possibilidade de elas virem a cair umas sobre as outras. Portanto, a tal repulsão imaginada por Einstein tornou-se desnecessária e ele reagiu de imediato, declarando que havia cometido “o maior erro da minha vida”.

Só que agora surgem indícios que podem ressuscitar a constante de Einstein. Medindo a velocidade de estrelas que explodem a grandes distâncias, os astrônomos concluem que elas estão em movimento acelerado (veja matéria Velocidade máxima, na página 38). Provavelmente impulsionadas por alguma força, de natureza desconhecida. Quer dizer, além do movimento de expansão, elas estariam recebendo um empurrão adicional. Algo parecido com a energia de repulsão que Einstein imaginara.

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Era mesmo de se esperar que a constante cosmológica fosse medida, já que o aperfeiçoamento incessante dos telescópios amplia continuamente o nosso conhecimento do Universo. Também é certo que as medições feitas recentemente irão gerar controvérsias.

Alguns cientistas tentarão comprovar que elas estão corretas e outros, que estão erradas. Mas, no final, as convicções sempre convergem, mesmo que leve algum tempo.

Neste exato momento, a expectativa é grande porque, se confirmada, a força de repulsão cósmica terá conseqüências muito importantes. Basta ver que, para os físicos, ela está associada ao vácuo, o que abre caminho para uma intrigante investigação: a de saber como o vazio, apesar de não conter nada, em princípio, seria capaz de produzir força e de impulsionar as galáxias.

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João Steiner é professor de Astrofísica do Instituto Astronômico e Geofísico da USP e vice-presidente do Projeto Gemini

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