Esponjas do mar podem espirrar como forma de autolimpeza
Esses animais precisam de um fluxo constante de água em seu corpo para se alimentar - e o mecanismo pode evitar que seu sistema de filtro interno fique sobrecarregado; veja vídeo
Espirros não são exclusividade humana – nem de quem possui um nariz. Esponjas do mar, um dos organismos multicelulares mais antigos existentes, apresentam um comportamento parecido para se livrarem de resíduos indesejados.
É o que defendem os autores de um novo estudo, publicado na revista científica Current Biology. Eles registraram o “espirro” na esponja Aplysina archeri, do Caribe, e em uma espécie do gênero Chelonaplysilla, no Indo-Pacífico. Confira o vídeo:
As esponjas não têm sistema digestório, nervoso ou circulatório. A maioria delas precisa manter um fluxo constante de água em seu corpo para conseguir oxigênio e alimento. Esses animais aspiram e liberam água a partir de diferentes aberturas na sua superfície, e assim coletam matéria orgânica presente ao seu redor.
Se há muito material flutuando em volta da esponja, seu sistema de filtro interno pode ficar sobrecarregado e entupir. E os “espirros” poderiam evitar isso.
Não seriam, claro, como os nossos espirros. “Um espirro de esponja leva cerca de meia hora para ser concluído. Mas tanto este quanto o espirro humano existem como um mecanismo de descarte de resíduos”, explica Jasper de Goeij, biólogo marinho da Universidade de Amsterdã (Holanda), em comunicado.
Os espirros seriam contrações periódicas da superfície da esponja. A partir deles, ela impulsionaria um muco cheio de resíduos sólidos na direção oposta do seu fluxo interno de água – e lançaria esse material na água ao seu redor.
E o que é lixo para uns, pode ser uma refeição para peixes e outros animais, segundo os pesquisadores observaram. “Existe alguma matéria orgânica na água ao redor do recife de coral [do qual a esponja faz parte], mas a maior parte não está concentrada o suficiente para outros animais comerem. As esponjas transformariam esse material em muco comestível”, disse Niklas Kornder, autor principal do estudo, também da Universidade de Amsterdã.
Ainda há muitas questões em aberto sobre esse possível mecanismo de limpeza das esponjas. Os cientistas querem entender melhor, por exemplo, os caminhos pelos quais o muco se move na superfície na esponja antes de se acumular.