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Essas abelhas rainha podem sobreviver por uma semana debaixo da água

Mamangavas em hibernação passaram uma semana completamente submersas. No dia seguinte, sobreviveram como se nada tivesse acontecido.

Por Leo Caparroz
27 abr 2024, 14h00

César Cielo que se cuide. Mamangavas no estágio de hibernação podem sobreviver até uma semana debaixo da água. É o que afirma um estudo publicado por pesquisadores no Canadá, no periódico Biology Letters.

A descoberta do super poder das abelhas aconteceu por acidente. Em 2021, a ecologista Sabrina Rondeau investigava os efeitos de resíduos de pesticidas na espécie de mamangavas Bombus impatiens. Mais especificamente, Rondeau estava estudando abelhas rainhas em hibernação, mantendo-as em tubos cheios de solo em uma geladeira, que imitava o frio do inverno.

Um dia, ao abrir a geladeira, ela viu que alguns dos tubos estavam cheios de água – o frio tinha feito a umidade do ar condensar, e quatro das rainhas estavam totalmente submersas.

De início, Rondeau ficou desesperada. Pensou que as abelhas tinham morrido, e que seu trabalho tinha ido por água abaixo. Mas, quando os insetos foram tirados da água, começaram a se mover novamente.

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Isso motivou Rondeau a fazer um novo experimento, desta vez, para testar o fôlego dessas rainhas. Ela montou um teste envolvendo 143 mamangavas, colocadas em frascos individuais cheios de terra na geladeira. Dezessete rainhas serviram como grupo de controle e foram mantidas secas durante a hibernação, enquanto as demais foram expostas a vários níveis de água (completamente submersas ou boiando) por diferentes períodos de tempo (8 horas, um dia inteiro ou uma semana). Passado o tempo previsto, as abelhas foram retiradas da água e deixadas para hibernar em condições normais.

Bastou um dia de volta aos frascos secos para que as mamangavas, antes ensopadas, voltassem ao normal, como se nada tivesse acontecido.

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Das 21 abelhas que ficaram submersas durante uma semana inteira, 17 ainda estavam vivas oito semanas depois – uma taxa de sobrevivência de 81 por cento. Isso não estava muito longe da taxa de sobrevivência do grupo de controle: 15 das 17 abelhas que nunca foram submersas, ou 88 por cento, sobreviveram até oito semanas.

Mas porque esses animais terrestres têm uma resistência aquática tão boa ainda é um mistério. Apesar dos pesquisadores não entenderem completamente por que as mamangavas não se afogaram, as descobertas até fazem sentido: durante o inverno, as rainhas se enterram no solo e hibernam. Eles podem passar cerca de oito meses no subsolo, esperando a chegada da primavera para que possam emergir e iniciar novas colônias. Durante esse período, seu metabolismo despenca e eles precisam de muito pouco oxigênio.

A hipótese é de que as mamangavas tenham evoluído para superar os riscos de hibernar enterradas no solo – no chão elas estão expostas a inundações de chuvas.

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Segundo os pesquisadores, essa notícia é encorajadora. Com tantas mudanças climáticas causadas pelo homem, deixando as condições meteorológicas mais extremas, ameaças aquáticas podem ser uma ameaça a menos.

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