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Estação Espacial – Plunct-plact-zum

A Estação Espacial Internacional não vai a lugar nenhum, mas o projeto está ajudando a humanidade a aprender como viver afastado da Terra

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h52 - Publicado em 12 fev 2011, 22h00

Tem gente que fica bodeada com o fato de estarmos gastando tanto tempo e esforço no projeto de construção da Estação Espacial Internacional. Afinal de contas, ela dá a impressão de que, em vez de nos ajudar a conquistar em definitivo a Lua, Marte e o resto do sistema solar, é só um projeto para manter astronautas girando ao redor da Terra sem parar.

Sejamos francos: a construção da ISS (sigla pela qual a estação é conhecida) não é a coisa mais entusiasmante em que conseguimos pensar na hora de gastar a bagatela de US$ 100 bilhões. Só mesmo por razões políticas que esse projeto, tal como foi concebido, poderia ter sido tocado. E, para variar, a coisa começa com a Guerra Fria.

 

CADA UM NO SEU QUADRADO

Nos anos 60 e 70, enquanto os americanos tocavam com sucesso seu projeto Apollo para chegar à Lua, a União Soviética trabalhou na criação de uma série de estações espaciais.

A primeira delas foi a Salyut 1, lançada em 19 de abril de 1971. Com menos de 20 toneladas, era basicamente um módulo habitável em órbita. E seus resultados foram menos que memoráveis. Duas naves Soyuz chegaram a visitar o complexo. A 1ª não conseguiu atracar. A 2ª teve sucesso, e um trio de cosmonautas passou 28 dias por lá – na época, foi o recorde de permanência no espaço. Mas, no retorno, uma falha na Soyuz que os transportava matou todos os 3, antes que chegassem ao solo.

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A tragédia não impediu que os soviéticos prosseguissem com um plano agressivo de estações espaciais. Muito pelo contrário: eles continuaram sofisticando suas Salyuts (houve outras 6, embora sempre compostas de um único módulo ou, no máximo, dois) e as Soyuz nunca mais provocaram um acidente fatal, embora sigam sendo usadas até hoje. Mas o grande passo à frente foi dado em 19 de fevereiro de 1986, quando foi lançado o módulo principal do que seria a estação espacial Mir – o primeiro complexo multimodular orbital, construído no espaço ao longo de vários anos e habitado durante longos períodos de tempo.

Se a impressão que se tem hoje da Mir é a de que o negócio era apenas um “Sputnik com banheiro”, trata-se de uma noção injusta. A estação mantém até hoje vários recordes nunca superados, como o de permanência ininterrupta de um ser humano no espaço. O cosmonauta Valeri Polyakov passou 438 dias no complexo (quase um ano e meio!), entre 1994 e 1995. O complexo, orgulho do programa espacial russo, só foi “aposentado” definitivamente em 2001.

Os americanos, enquanto isso, sonhavam com uma estação nos mesmos moldes. Antes da criação do ônibus espacial, eles até chegaram a lançar uma coisa parecida com uma Salyut, chamada Skylab, mas não houve continuidade. E, com o passar dos anos, mesmo com a construção bem-sucedida do ônibus, começou a surgir a impressão de que os soviéticos voltavam à frente da disputa pelo espaço.

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Resultado: em 1984, Ronald Reagan, então presidente dos EUA, ordenou à Nasa que preparam um projeto de estação espacial, com cooperação de diversos aliados americanos, para realização em 10 anos. Mas, como tem acontecido sistematicamente com novos projetos da Nasa desde o fim da era Apollo, o governo manda fazer, mas não dá a grana. A sonhada Estação Espacial Freedom nunca saiu do chão.

 

Unindo forças

Com o fim da Guerra Fria, no início dos anos 80, nem EUA nem União Soviética estavam no clima para continuar aquela disputa. Resolveram então unir forças – coisa impensável anos antes – e desenvolver juntos a estação espacial seguinte. Os americanos entraram com os ônibus espaciais, o projeto da Freedom e seus parceiros (Canadá, Japão e países europeus); já os russos trouxeram a experiência obtida com a Mir e a promessa de alguns módulos para a nova empreitada.

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E foi assim que nasceu a ISS. A primeira das peças, russa, foi lançada em 1998. Em 2000, já havia infraestrutura suficiente para abrigar as primeiras tripulações. Desde então, não houve um dia que a estação passasse sem ter alguém dentro dela. E, finalmente, 10 anos depois da primeira expedição, no ano que vem, a montagem deve ser totalmente concluída.

Por enquanto, temos de admitir: pouca coisa realmente útil foi feita a bordo da ISS. Mas também, com no máximo 3 tripulantes, resta pouco tempo para fazer qualquer coisa que não seja a manutenção da própria estação. Agora, com a iminente conclusão da montagem, a estação já tem capacidade para abrigar, ao mesmo tempo, 6 tripulantes. E aí muito mais ciência deverá ser feita.

O complexo orbital deverá ser mantido em funcionamento, a princípio, até 2020, e certamente ajudará na preparação de astronautas e cosmonautas para as futuras empreitadas tripuladas, na direção da Lua, de Marte ou até numa missão rumo a um asteroide.

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