Estes insetos-robôs podem ser os menores e mais leves já feitos
Eles ainda são mais pesados (e lentos) que animais de verdade, porém. Mas, no futuro, poderão ajudar a polinizar plantas e monitores de áreas ambientais.
Um inseto-robô parece invenção de sci-fi ou de algum vilão do 007. Esse conceito já apareceu, inclusive, em um episódio de Black Mirror. Na série distópica, a extinção das abelhas obriga a sociedade a criar robozinhos voadores – que, com o perdão do spoiler, acabam causando vários problemas.
Mas esse tipo de máquina é real, e pode ser usado para o bem, como na polinização de plantas e no monitoramento ambiental.
Na última semana, pesquisadores da Universidade Estadual de Washington (EUA) e da empresa especializada em robótica, Flyby Robotics, apresentaram o que podem ser os menores e mais leves insetos-robô já criados. O anúncio aconteceu durante a Conferência Internacional sobre Robôs e Sistemas Inteligentes da Sociedade de Robótica e Automação da IEEE (Instituto de Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos).
Os novos robozinhos são inspirados em pequenos insetos como mosquitos e até em um percevejo d’água. São dois modelos: um pesa 8 miligramas; o outro pesa 55 mg. É mais do que um mosquito, que pesa só 2 mg. Mas é bem leve, convenhamos.
Os dois robôs conseguem se locomover a uma velocidade de seis milímetros por segundo. Perderiam feio para uma formiga: algumas espécies alcançam velocidades de até um metro por segundo. Haja perninhas.
Para Conor Trygstad, pesquisador na Escola de Engenharia Mecânica e de Materiais da Universidade Estadual de Washington e autor principal do trabalho, apesar de ainda longe dos insetos reais, é um bom avanço: “Isso é rápido em comparação com outros microrrobôs dessa escala, embora ainda fique atrás de seus parentes biológicos.”
Tal avanço aconteceu graças a uma nova tecnologia na fabricação dos robôs. Os pesquisadores conseguiram criar miniaturas de um dispositivo chamado de atuador, que converte qualquer tipo de energia (como a elétrica) em energia mecânica: movimento.
Os novos atuadores desenvolvidos pelos cientistas funcionam com um tipo de material chamado de “liga de memória”. Essas ligas não tem peças móveis ou componentes giratório. Mas são sensíveis a mudanças de temperatura: eles se deformam quando aquecidos e voltam à forma original quando resfriados. Por isso o “memória” do nome.
Os atuadores são feitos com dois fios, cuja temperatura muda com a passagem de uma corrente elétrica. O resultado de todo esse sistema é que os pezinhos dos robôs balançam até 40 vezes por segundo. Os insetos mecânicos, com isso, levantam até 150 vezes o próprio peso.
Para Trygstad, esses componentes podem abrir um novo futuro no desenvolvimento da micro-robótica.
E vale ressaltar uma pequena diferença: esses microrrobôs são diferentes dos chamados “nanorrôbos”. Microrrobôs são um pouco maiores, e estão sendo desenvolvidos para aplicações no campo ou na indústria. Os nanorrôbos, por sua vez, são minúsculos, com uma média de 50 a 100 nanômetros de comprimento (pouco menos que um fio de cabelo). O seu campo de atuação é, principalmente, a medicina e a computação.