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Estudo encontra plástico em 70% das tartarugas encalhadas no RJ

O material é confundido com alimentos e pode ser letal para os bichos.

Por Manuela Mourão
Atualizado em 20 set 2024, 19h05 - Publicado em 20 set 2024, 18h00

Quase 70% das tartarugas-verdes encontradas encalhadas no litoral centro-sul do Rio de Janeiro entre maio de 2019 e março de 2021 apresentavam resíduos sólidos de orige m humana em seus organismos, principalmente plásticos. Essa descoberta foi publicada por pesquisadores brasileiros hoje (20) na revista científica Ocean and Coastal Research.

Os cientistas da UFF e da Uerj analisaram os tratos gastrointestinais de 66 tartarugas-verdes, uma espécie de tartaruga marinha. No total, foram identificados 1.683 detritos, sendo que 850 deles eram plásticos flexíveis, como sacolas plásticas. Esses resíduos estavam concentrados principalmente no intestino grosso dos animais. Além desses plásticos, também foram encontrados linhas, cordas, plásticos rígidos e borrachas, exemplos mais comuns de lixos encontrados no mar.

O estudo sugere que as tartarugas-verdes ingerem esses materiais por confundi-los com alimentos, já que muitos desses detritos se assemelham à sua dieta natural. Essa espécie de réptil se alimenta majoritariamente de algas, moluscos, crustáceos e peixes, e por isso, ao entrarem em contato com os lixos – de cor âmbar ou marrom –, confundem-no com comida.

O tamanho dos resíduos encontrados variava de meio milímetro a dois centímetros e meio em mais de 40% dos casos.

A ingestão de plásticos pelos animais marinhos pode levá-los à morte, além de contaminar as cadeias alimentares. A preocupação com essa questão levou a ONU a declarar o período de 2021 a 2030 como a “Década do Oceano”. 

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No Brasil, de acordo com um estudo do Pacto Global da ONU realizado em 2022, quase três milhões e meio de toneladas de resíduos plásticos como sacolas, garrafas PET, canudos e embalagens de isopor são despejadas no meio ambiente anualmente.

Beatriz Guimarães Gomes, pesquisadora da Uerj e coautora do estudo, destaca que este é o primeiro trabalho a examinar o conteúdo dos tratos gastrointestinais das tartarugas encalhadas, coletadas pelo Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos. “Os dados evidenciam o impacto da poluição plástica nas tartarugas-verdes, contribuindo para uma melhor compreensão do problema na região e orientando as autoridades na criação de estratégias eficazes de proteção”, afirma.

A cientista também ressalta que o país carece de conscientização, visto que o uso excessivo de plásticos descartáveis e o descarte inadequado estão entre os principais fatores que ampliam a presença desses resíduos nos oceanos – e mesmo assim ainda são costumes comuns da sociedade. “A educação ambiental das comunidades é uma medida fundamental para reduzir os danos às tartarugas-verdes e às demais espécies marinhas”, diz ela.

Gomes ainda observa que a sociedade precisa aumentar a pressão sobre governos e indústrias para promover alternativas sustentáveis e melhorar a gestão de resíduos. Ela defende que, além de incentivar a reciclagem e o descarte correto, é necessário adotar uma economia circular. Esse conceito visa reduzir o desperdício e reaproveitar materiais, buscando o reuso de detritos para a produção de novos produtos – assim, nada se perde dentro do ciclo. 

O Climate Smart Institute criou uma estratégia que busca incentivar essa economia sustentável nos oceanos. Algumas soluções encontradas para ajudar a mitigar o problema da poluição nos mares são o uso de materiais mais naturais na indústria têxtil e o desenvolvimento da bioeconomia azul. 

“Com esse engajamento, talvez, seja possível combater a poluição plástica nos oceanos”, conclui Beatriz Gomes.

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