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Estudo usa DNA de células da pele de ratos para fabricar óvulos

Usar o genoma de outra célula do corpo para fabricar um gameta saudável pode revolucionar a fertilização in vitro no futuro, permitindo que mulheres com óvulos danificados tenham filhos.

Por Leo Caparroz
17 mar 2024, 14h00

Na fertilização in vitro, o óvulo é fecundado pelo espermatozoide fora do útero – in vitro, afinal, significa “no vidro”, em latim. Essa técnica, que faz parte do arsenal da medicina reprodutiva desde 1978, permite que mulheres com problemas de saúde como endometriose ou obstrução das trompas possam ter bebês. 

Quando a fecundação dá certo, o zigoto é colocado no útero da própria mãe. Caso a mulher também não tenha condições de gestar o bebê, ele pode se desenvolver em uma barriga de aluguel – ou em uma barriga solidária, que não exige compensação financeira.

O problema é que, em alguns casos, nem a fertilização in vitro é capaz de gerar crianças que carreguem o DNA dos seus pais. É o caso de pessoas que não produzem óvulos e espermatozoides, ou que produzem gametas com problemas. 

Um jeito de contornar esse problema é transformar uma célula qualquer do corpo do pai ou da mãe em um gameta, e então levar esse gameta para a fertilização in vitro. Parece ficção científica, mas já é realidade, pelo menos para camundongos.

Um novo estudo, publicado no periódico científico Science Advances, relata um experimento em que células da pele de ratinhos de laborátorio foram transformadas em óvulos prontos para a fecundação.

“Se esta tecnologia se tornar clinicamente viável no futuro, ela tem o potencial de revolucionar a fertilização in vitro e oferecer esperança a muitos pacientes inférteis que perderam gametas devido a doenças, envelhecimento ou tratamentos contra o câncer”, disse Aleksei Mikhalchenko, o principal autor do estudo.

O seu corpo tem duas categorias de células: as células somáticas e as células germinativas. As germinativas,  são seus óvulos ou os seus espermatozoides. As células somáticas são todo o resto – as células do seu cabelo, suas células musculares, a parede do seu intestino e a ponta do seu mindinho direito.

A mais importante diferença entre essas duas é a quantidade de cromossomos. Enquanto as somáticas têm 46 cromossomos, os gametas têm a metade, 23.

Quando o óvulo e o espermatozoide se juntam, os 23 cromossomos de cada um vão se somar, se embaralhar e resultar em um bebê. Esse ser humano novo será formado por células somáticas, de 46 cromossomos, que são fruto da fusão. 

Faz tempo que biólogos e biomédicos pesquisam jeitos de criar óvulos e espermatozóides em laboratório. No ano passado, pesquisadores japoneses criaram óvulos a partir de células da pele de camundongos machos, levando ao nascimento de filhotes de camundongos com dois pais. E, em 2022, modificaram os óvulos de duas fêmeas para criar filhotes de camundongos com duas mães.

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No estudo de que trata este texto, os pesquisadores tentaram a seguinte técnica. Primeiro, eles pegaram um óvulo doado e removeram seu núcleo – a parte que contêm o material genético. Então, substituíram o núcleo original por um núcleo da célula de pele.

Só que tem um problema: a célula da pele é somática e tem o dobro de cromossomos que um óvulo (no caso dos ratos, os gametas têm 20 e as outras células, 40). Na hora da fecundação, o ratinho teria mais cromossomos do que o normal.

Porém, por meio da técnica de cultivo do óvulo empregada pelos pesquisadores, a célula é induzida a descartar metade dos seus cromossomos antes da fecundação. 

No momento, os pesquisadores estão focados em aumentar a taxa de sobrevivência dos ratinhos gerados por esse método. A taxa de sucesso ainda é inferior a 1% e, por isso, o estudo recém-publicado foca na forma como os óvulos descartam metade dos seus cromossomos, que é uma etapa pivotal para gestar um embrião saudável. 

“Embora as aplicações clínicas desta tecnologia ainda possam estar a uma década de distância e exijam uma avaliação minuciosa da segurança, eficácia e ética, o seu potencial contra problemas de fertilidade oferece perspectivas promissoras para a medicina reprodutiva”, diz Mikhalchenko.

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