FDA, a Anvisa dos EUA, aprova vacina contra chikungunya do Butantan
Criado em parceria com a empresa de biotecnologia Valneva, ela está na última fase de testes no Brasil e deve ser submetida à aprovação da Anvisa em 2024.
Uma vacina contra o vírus chikungunya desenvolvida pelo Instituto Butantan em parceria com a empresa de biotecnologia franco-austríaca Valvena foi aprovada na última quinta (5) para maiores de 18 anos pela FDA, a agência regulatória dos EUA equivalente à Anvisa.
Esse imunizante de vírus atenuado, o primeiro já aprovado contra a doença, induziu a criação de anticorpos em 98,8% dos voluntários durante a terceira e última fase de testes clínicos, cujos resultados saíram no periódico especializado The Lancet em junho.
O Instituto Butantan coordena os estudos de fase 3 no Brasil. Eles estão sendo realizados em 750 adolescentes brasileiros, com idades entre 12 a 17 anos, que residem em áreas endêmicas nas cidades de São Paulo (SP), São José do Rio Preto (SP), Salvador (BA), Fortaleza (CE), Belo Horizonte (MG), Laranjeiras (SE), Recife (PE), Manaus (AM), Campo Grande (MS) e Boa Vista (RR).
A ideia é obter evidências de sua segurança e eficácia em menores de idade para que eles possam entrar no rol de vacinados desde o começo. Não existe, atualmente, nenhum tratamento contra o chikungunya, de modo que é essencial blindar a maior fatia possível da população contra o vírus.
Com a aprovação nos EUA, a tendência é que o processo role sem percalços por aqui no primeiro semestre de 2024 – “A conquista demonstra o potencial do imunizante e fortalece a possibilidade de sua futura liberação no Brasil”, escreveu a assessoria Butantan no anúncio à imprensa.
No ensaio clínico conduzido nos EUA, as reações adversas mais comuns, consideradas leves, “foram dor de cabeça, fadiga, dores musculares, dores nas articulações, febre, náusea e sensibilidade no local da injeção. Depois de seis meses da vacinação, a proteção se manteve em 96,3% dos voluntários.”
Pode parecer estranho que a aprovação tenha sido mais rápida nos EUA do que no Brasil. Mas, além de terem normas e infraestrutura mais amigáveis à realização de testes clínicos, os americanos têm algum grau de responsabilidade administrativa por várias ex-colônias em regiões tropicais que já sofrem com a dengue e poderiam, também, ser atingidos pelo vírus chikungunya: Samoa Americana, Porto Rico e Ilhas Virgens Americanas, Estados Federados da Micronésia, a República das Ilhas Marshall e a República de Palau.
O problema está longe de ser exclusivamente brasileiro. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), há notificações de chikungunya em 110 países de quatro continentes: América, Ásia, África e Europa. Aqui em pindorama, os casos aumentaram 78% entre 2021 e 2022, mas esses números ficaram ofuscados pelo destaque midiático da pandemia de covid-19.