Abril Day: Assine Digital Completo por 1,99

O futuro – como ele será: saúde

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h54 - Publicado em 1 out 2012, 22h00

Maurício Horta

SAÚDE – 1992/julho/ed. 58

“Quase todo dia algum colega me liga achando que pegou aids”, dizia à SUPER em 1988 a médica Lair Guerra de Macedo, idealizadora do Programa Nacional de DST e Aids. Naquele ano, a síndrome havia matado 40 mil pessoas. Índia e URSS exigiam o exame de HIV para entrar em seu território. Bélgica e a Inglaterra também fizeram isso com todos os estudantes vindos de suas ex-colônias africanas. E o único antirretroviral era o AZT – que custava custava US$ 20 mil por ano.

No Brasil, a fiscalização mal chegava a 50% das coletas de sangue. E a falta de estrutura não ajudava. O consultório que atendia soropositivos no Instituto de Infectologia Emílio Ribas funcionava num banheiro, e as coletas de sangue eram feitas no corredor, embaixo da escada. Para complicar, havia até cientistas defendendo a inocência do HIV – como o biólogo alemão Peter Duesberg, para quem a aids era causada pelo consumo de drogas no Ocidente e desnutrição ou falta de higiene na África.

Essa história teve um ponto de virada: 1996. Nesse ano, foram concluídos os primeiros testes de uma nova família de drogas: o inibidor da protease. Um exemplo de como a expectativa de vida aumentou é o ex-jogador de basquete Magic Johnson, que anunciou em 1991 ser soropositivo. Desde então abraçou o ativismo no combate ao vírus e se tornou um megaempresário. Com a combinação de diferentes antirretrovirais, a medicina transformou o HIV de sentença de morte em liberdade condicional.

O impacto do tratamento não teria sido tão grande se não fosse uma luta de países em desenvolvimento encabeçada pelo Brasil pela quebra de patentes. De US$ 10 mil em 2000, o coquetel caiu para a partir de US$ 130 por ano em países pobres, onde a maioria das drogas anti-HIV pode ser vendida em versões genéricas. E no Brasil o tratamento é coberto integralmente pelo SUS.

Continua após a publicidade

Campanhas de prevenção também diminuíram o número de novas infecções – hoje 21% menor do que no pico da epidemia em 1997, segundo o programa da ONU para a aids. E vacinas? As testadas até agora ou não funcionam ou protegem muito pouco. Mas o uso de antirretrovirais já foi aprovado nos EUA como método preventivo em casos excepcionais – como o de pessoas em relacionamento estável com um soropositiva. Isso diminui em 70% o risco de infecção.

E o câncer? Em 1989, Ricardo Brentani, diretor do Instituto Ludwig de Pesquisas sobre o Câncer, disse à SUPER que “o freio da doença” fora descoberto. Uma solução seria injetar no paciente genes supressores do crescimento alojados em vírus modificados geneticamente. Em 2003, o Instituto Nacional do Câncer dos EUA deu 2015 como data-limite para domá-lo ou abatê-lo de vez. Afinal, nunca houve tanto conhecimento, tecnologia e recursos para seu combate. Mas a previsão hoje parece otimista demais.

Ainda assim o futuro é promissor para a saúde. E a razão está longe do hospital. Com equipamentos pessoais para diagnóstico e aplicativos de celular, diagnósticos serão mais precoces, e o acompanhamento de doenças crônicas, mais constante. Não estamos longe disso. Um estudo britânico de 2011 avaliou o impacto de tecnologias de saúde à distância em 6 mil portadores de doenças crônicas. Resultado: as idas ao hospital caíram em 20%, e as mortes, em 45%. Não é que o médico será substituído. Mas ele terá dados de melhor qualidade e entrará em cena quando sua presença for necessária – uma grande vantagem para países como a Índia e o Brasil, que têm respectivamente 6 e 17 médicos para cada 10 mil pessoas, contra 40 na Noruega.

Continua após a publicidade
Aids
Como seria – Chegaríamos a drogas que matam 98,9% dos vírus. Só faltava saber o que fazer com o 1,1% restante.
Continua após a publicidade

Como é – Antirretrovirais se popularizaram. E seu uso preventivo em casos excepcionais já foi aprovado nos EUA.

Como será – Mesmo sem cura nem vacina, a aids como causa de morte cairá do 6º para o 10º lugar em 2030.

Veja também:
O futuro como ele será: tecnologia

O futuro como ele será: robôs
O futuro como ele será: espaço
O futuro como ele será: população
O futuro como ele será: petróleo
O futuro como ele será: ambiente

Publicidade


Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

ABRILDAY

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas 1,99/mês*

Revista em Casa + Digital Completo

Receba Super impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
A partir de 10,99/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$23,88, equivalente a R$ 1,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.