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Gelo mais antigo já encontrado tem 6 milhões de anos e bolhas de ar preservadas

Amostra da Antártica quebra recorde e permite estudar como era o clima da Terra no Mioceno, quando as temperaturas eram mais altas.

Por Bruno Carbinatto
Atualizado em 6 nov 2025, 18h20 - Publicado em 6 nov 2025, 18h00

Uma equipe de cientistas encontrou a amostra de gelo mais antiga já datada, com pelo menos seis milhões de anos. O material foi encontrado na Antártica e contém bolhas de ar preservadas – fornecendo assim uma oportunidade rara de se estudar a atmosfera e o clima de milhões de anos atrás, quando a Terra era bem mais quente e o nível dos oceanos bem maior.

A amostra foi coletada na região de Allan Hills, um conjunto de colinas no leste da Antártida. A descoberta foi feita por cientistas de várias universidades americanas ligados ao Center for Oldest Ice Exploration e descrita num novo artigo publicado no periódico PNAS.

Trata-se de um “testemunho de gelo” especial. Testemunhos (ou núcleos) de gelo são grandes cilindros formados por camadas de água congelada, sendo, de modo geral, as externas formadas mais recentemente e as centrais, mais antigamente. Dessa forma, cientistas conseguem analisar as mudanças na composição do material ao longo do tempo.

“Os testemunhos de gelo são como máquinas do tempo que permitem aos cientistas observar como era o nosso planeta no passado”, diz Sarah Shackleton, pesquisadora do Woods Hole Oceanographic Institution e uma das autoras do estudo. “Os testemunhos da região de Allan Hills nos levam muito mais para o passado do que imaginávamos ser possível.”

O gelo e as bolhas de ar dentro dele datam do fim do período Mioceno (período que durou de 23 milhões a 5,5 milhões de anos atrás), quando a Terra era bem mais quente e o nível do mar estava bem acima do atual.

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Para obter as amostras, os pesquisadores cavaram entre 100 e 200 metros em uma camada de gelo. Depois, dataram o gelo obtido por meio do decaimento dos isótopos de argônio presentes nas bolhas de ar.

“Sabíamos que o gelo nessa região era antigo. Inicialmente, esperávamos encontrar gelo com até 3 milhões de anos, ou talvez um pouco mais antigo, mas essa descoberta superou em muito nossas expectativas”, diz Ed Brook, da Universidade do Estado do Oregon.

O testemunho é do tipo descontínuo, ou seja, não contém uma cronologia óbvia em suas camadas, das mais antigas para as mais jovens; em vez disso, as camadas estão mais “bagunçadas” – inclinadas, dobradas e reorganizadas de maneira pouco óbvia.

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É difícil para um gelo tão antigo ficar preservado tão perto da superfície. Os cientistas não sabem exatamente como a água congelada anciã ficou intacta por tanto tempo, mas suspeitam que a geografia montanhosa do local ajude: além de muito frio, o que preserva o gelo, há muito vento que sopra para longe a neve mais nova, impedindo a formação de camadas mais jovens.

“Isso faz de Allan Hills um dos melhores lugares do mundo para encontrar gelo antigo no raso, e também um dos lugares mais difíceis para se passar uma temporada de pesquisa”, brinca Shackleton.

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Registros de temperatura obtidos a partir de medições de isótopos de oxigênio no gelo revelam que a região passou por um resfriamento gradual e de longo prazo nos últimos seis milhões de anos. A área onde o testemunho foi encontrado resfriou, neste período, cerca de 12 graus Celsius.

Outras pesquisas em andamento usando testemunhos de gelo estão tentando reconstruir os níveis de gases de efeito estufa na atmosfera e a temperatura dos oceanos ao longo da história, para entender as causas das mudanças climáticas naturais.

Apesar do resfriamento lento nos últimos milhões de anos, a Antártica está esquentando no curto prazo atualmente por causa das mudanças climáticas causadas pelos humanos.

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“Considerando o gelo incrivelmente antigo que descobrimos em Allan Hills, também elaboramos um novo estudo de longo prazo desta região que esperamos realizar entre 2026 e 2031 para tentar encontrar registros ainda mais antigos”, diz Brook.

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