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Gotas de chuva não parecem lágrimas – e, sim, pães de hambúrguer

Mais uma vez sua infância foi destruída. Mas a ciência tem uma boa explicação para isso

Por Ingrid Luisa
3 out 2018, 19h48

Mais uma daquelas notícias que vai acabar com sua infância: depois de descobrir que todos os rais que você já desenhou na vida estavam errados, agora é a vez das gotas de chuva. Como você as desenha? Faça o teste: pesquisa agora “gotas de chuva” no google. O que aparece?

Bem, certamente várias gotas com o formato de lágrimas. Mas, acredite, Guilherme Arantes estava errado. As gotas de água da chuva, mesmo tristes, não são “lágrimas” da inundação. Seu formato, na verdade, é outro: pão de hambúrguer.

Ok, menos fofo e, certamente menos poético que o senso comum de que a chuva é feita das “lágrimas de São Pedro”. Para muita gente, olhar a janela num dia chuvoso remete a melancolia, nostalgia, e outras coisas fortemente associadas a… lágrimas. Talvez venha daí a relação. Ou não. Fica aqui apenas uma hipótese.

Felizmente, a ciência traz uma explicação clara e definitiva para o real formato das gotas de chuva. Ou melhor, os formatos.

Assim que a gotinha cai do céu, ela chega à sua primeira fase: a de esfera.

Uma gota de chuva possui tensão superficial altíssima – as moléculas de H2Os formam um conjunto extremamente coeso. E a força dessa coesão é alta – insiste tanto que as moléculas fiquem juntas, que as obriga a adquiria a forma mais “compacta” possível – ou seja, a que ocupa a menor área de superfície em relação ao volume. Temos, por isso, uma esfera.

Essa esfera, no entanto, não é perfeita. Isso porque a gotinha cai numa velocidade muito alta (cerca de 30km/h numa chuva normal), e acaba sofrendo deformação de forças contrárias.

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Começa então a segunda “forma” da gota: a de pão de hambúrguer

Uma das forças atuando sobre a gota é a gravidade, que empurra as moléculas para baixo. Por outro lado, existe a resistência do ar, que tenta contrapôr a gravidade e pressionar as gotinhas para cima. e a outra é a resistência do ar, que as empurra para cima.

Amassada pelas forças opostas, a coesão da H2O não resiste como esfera. Ela se rende a um formato de um pão de hambúrguer.

Isso não quer dizer que todas as gotas terão esse formato.

Gotículas maiores, de 6 a 7 milímetros, se assemelham a pára-quedas. Como elas têm uma superfície maior, sofrem mais com a resistência do ar. Se a gotícula for muito grande, aliás, essa resistência acaba sendo tanta que supera a vontade das moléculas de H2O de permanecerem juntas.

Ou seja: a tensão superficial da gota de chuva não aguenta. E ela acaba se rompendo em várias gotinhas menos – e essas, sim, tendem a ser do tipo “pão de hambúrguer”.

Pode parecer bobagem, mas pesquisas sobre o formato das gotas de chuva possuem várias utilidades, especialmente na compreensão dos padrões climáticos. Medir o tamanho das gotas, conhecer sua velocidade e a quantidade que cai durante uma chuva é essencial para relacionar a intensidade da chuva com tragédias como deslizamentos e enchentes. Sabendo o tamanho da gota, por exemplo, é possível medir todo o impacto da erosão em um solo.

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Para medir os parâmetros dessas gotas, é utilizado um instrumento chamado disdrômetro. Ele mede o tamanho das gotas de chuva e também é usado para estudar granizo.

Mas, depois de tudo isso, não se martirize por nunca mais poder desenhar uma gota de chuva com o formato de lágrima. Afinal, o senso comum não está todo errado. As próprias lágrimas afinal, têm forma de lágrimas… Porque essa é a forma de todas as gotas grandes, que caem de alturas pequenas, com velocidades baixíssimas.

Isso inclui tanto a água que pinga dos seus olhos emocionados, quanto as gotas que escorrem de uma planta em direção ao chão. Como estão próximas da superfície da Terra, não aceleram tanto via gravidade, e não sofrem tanta distorção do nosso ideal imaginário.

Ou seja: num mundo utópico, onde caem do céu as gotas que você desenhava quando criança, é preciso que o desejo do Falamansa se cumpra – e a chuva decida cair devagar.

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