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Humanos que vivem em cidades estão perdendo a capacidade de digerir plantas

Apesar de não termos enzimas para digerir a celulose, bactérias do gênero Ruminococcus em nosso intestino fazem o trabalho – mas o número delas vem lentamente caindo ao longo da história.

Por Caio César Pereira
24 mar 2024, 14h00

Seres humanos são incapazes de digerir por completo alimentos como plantas e vegetais por conta da celulose presente nas células desses alimentos, certo? Errado. Apesar da ideia de que nós não somos capazes de digerir esses alimentos, pesquisas relativamente demonstraram que nós temos bactérias intestinais que conseguem quebrar e digerir essas fibras por nós.

Mas, assim como num filme de M. Night Shyamalan, aqui vem o plot twist. A capacidade de digerirmos a celulose pode estar lentamente indo embora. Isso porque um estudo recente mostrou que, ao longo da história, os humanos estão perdendo essa habilidade – e o motivo é justamente a menor ingestão de fibras.

A celulose é o composto orgânico resistente que compõem as células vegetais, formando a chamada parede celular. Essa parede funciona como um espécie de proteção para a célula, conferindo ao mesmo tempo flexibilidade e rigidez às células. 

Os humanos não são capazes de quebrar essas estruturas pois não temos as enzimas necessárias para a empreitada. Em 2003, porém, pesquisadores conseguiram descobrir bactérias que vivem no intestino humano que são capazes de digerir e decompor as fibras de celulose dos vegetais.

As bactérias em questão são todas do gênero Ruminococcus, e agora, graças a um estudo realizado por pesquisadores na Alemanha e em Israel, revelou que a população dessas bactérias no intestino humano pode estar diminuindo – graças às dietas industrializadas das sociedades urbanas atuais.

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No estudo, publicado na revista Science, os pesquisadores analisaram amostras fecais de humanos caçadores-coletores, e populações rurais e antigas, que viveram há 2 mil anos atrás. 

Eles compararam esses dados com amostras fecais das populações humanas modernas e industrializadas. Os resultados mostraram que a população dessas bactérias está diminuindo.

“Essas descobertas implicam um declínio dessas espécies no intestino humano, provavelmente influenciado pela mudança para estilos de vida ocidentalizados”, contou ao site ScienceAlert Sarah Moraïs, pesquisadora da Universidade Ben-Gurion do Neguev em Israel e uma das autoras do estudo.

Os pesquisadores afirmam que ainda são necessários mais estudos, mas acreditam que a diminuição da ingestão de alimentos com fibras esteja relacionada a diminuição da presença dessas bactérias. Isso se deve, em grande parte, aos hábitos alimentares pouco saudáveis de grande parte das populações urbanas atuais.

O consumo rápido e fácil de alimentos ultraprocessados em detrimento de comidas mais saudáveis, por exemplo. Paradoxalmente, a ausência dessas bactérias pode também contribuir para a má saúde metabólica dessas populações. 

Os pesquisadores contam que essa é uma questão ainda em análise, mas que nem tudo está perdido caso  issose confirme. Através de suplementos  dietéticos ou probióticos especializados, pode haver ainda a possibilidade para reintrodução ou enriquecimento intencional dessas espécies no intestino humano.

O estudo ainda traz uma outra informação. A análise evolutiva da pesquisa ainda indica a hipótese de que a cepa de bactérias Ruminococcus que é encontrada nos humanos atualmente pode ter sido originalmente transferida para nós vindo do intestino de ruminantes, possivelmente durante a domesticação. Agradeça às vaquinhas.

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