Meninas e meninos são igualmente bons em exatas
Estudo feito com crianças mostrou que não há diferenças na atividade cerebral e habilidades matemáticas entre garotos e garotas.
A ideia de que matemática é “coisa de menino” ou que meninas não são boas em exatas é puro folclore. Uma pesquisa feita Universidade Carnegie Mellon, nos EUA, ajudou a confirmar que não há diferença entre o desempenho de garotos e garotas no aprendizado e no exercício da matemática.
O estudo foi o primeiro a usar técnicas de imageamento cerebral para comparar o desempenho de crianças dos dois sexos em matemática. Os pesquisadores analisaram a atividade cerebral de 104 crianças entre três e dez anos enquanto elas assistiam a um vídeo educacional que aborda conceitos básicos, como adição e subtração.
Os resultados não mostraram nenhuma diferença em como meninos e meninas processam as informações de matemática. Os dois grupos também se mostraram igualmente atentos.
As imagens neurais das crianças foram comparadas com as de adultos — e também não mostraram nenhuma diferença relevante no desenvolvimento cerebral dos dois sexos.
Para analisar as habilidades matemáticas, os cientistas aplicaram um teste a esse mesmo grupo de crianças. Mais uma vez, os resultados não mostraram diferenças entre meninos e meninas.
O estudo foi inspirado por uma análise anterior feita pelo mesmo grupo de cientistas. Eles avaliaram diversas pesquisas que comparavam a performance de meninos e meninas em matemática na infância. O resultado foi o mesmo: nenhuma diferença observada.
As mulheres estão acostumadas a ouvir que matemática, física ou engenharia são cursos masculinos. Segundo a pesquisadora Jessica Cantlon, autora do estudo, isso acontece porque a sociedade afasta as mulheres dos campos das exatas desde pequenas. “As diferenças na socialização de garotos e garotas pode refletir em como eles são tratados em ciências e matemática”, disse a pesquisadora em nota.
Mas nem sempre foi assim. A condessa e matemática Ada Lovelace é conhecida como mãe da computação. Nascida em 1815, ela se tornou a primeira programadora da história ao desenvolver algoritmos para serem rodados pela “Máquina Analítica de Babbage”, que acabou nunca sendo construída.
A primeira turma de computação do Instituto de Matemática e Estatística da USP (IME-USP), por exemplo, era composta majoritariamente por mulheres. A última turma, no entanto, teve apenas três formandas.
“Nós precisamos estar conscientes da origens dessas diferenças de tratamento para garantir que não somos os culpados por essa disparidade” diz a pesquisadora.